As artes marciais desempenham um papel fundamental na sociedade. Em seu viés de entretenimento, o mundo das lutas ganhou mais aceitação após a consolidação do Ultimate Fighting Championship — o UFC, a maior organização do planeta. Apenas a título exemplificativo, peguemos o caso do lutador Sean Strickland, ex-campeão dos pesos médios, que saiu de uma infância terrível, com personalidade forte e instabilidades declaradas, e acabou resgatado pelo MMA de um destino provavelmente cheio de fatalidades relacionadas à violência. Uma redenção totalmente atrelada à oportunidade da luta profissional. As ocorrências semelhantes são muitas. No afã de atender às súplicas dos fãs do esporte, a Revista Bula promoveu uma enquete para saber quais seriam os maiores lutadores da história das artes marciais mistas; como tais reuniões envolvem emoções, paixões e subjetivismo, deixamos claro que não é um ranking estanque. Do saudosismo do PRIDE aos dias atuais, reunimos aqui os reis escolhidos pelo público, sem diferenciação sobre suas respectivas categorias de peso, gênero ou empresa de promoção de lutas vinculada. Levamos em conta apenas o saldo opinativo dos internautas da enquete. It’s time!
Um dos pioneiros do esporte no Brasil, Belfort era uma explosão no cage. Não à toa, foi um dos lutadores mais temidos em seu auge, notadamente quando conseguiu o cinturão contra o lendário Randy Couture no UFC 46. Entrou no profissionalismo das lutas muito cedo e propiciou grandes encontros, mormente pela rivalidade com outro gigante brasileiro, Anderson Silva. Não à toa, um verdadeiro fenômeno do esporte.
Demetrious Johnson é talvez um dos campeões mais injustiçados e subestimados pelo público do esporte. Lutador dos mais dominantes da história do MMA, o “Mighty Mouse”, como era alcunhado o norte-americano, fez simplesmente onze defesas de título no UFC, em uma sequência que só foi interrompida após o embate contra o “Triple C” Henry Cejudo.
Os amantes das lutas jamais poderão se esquecer do temível Wanderlei, que destruía seus adversários já nas encaradas, com sua tradicional mexida de mãos e o olhar impactante. O “Cachorro Louco” era um agressivo compulsivo, que devastava os oponentes, o que o levou a incríveis 21 lutas — mais precisamente, cinco anos — sem ser derrotado. O Mr. Pride foi também fundamental para a difusão do esporte no Brasil, mormente pela participação na eterna rivalidade entre a Chute Boxe e a BTT.
O brasileiro, que propagou o orgulho de suas origens da periferia, possui um dos mais fascinantes cartel do mundo do MMA. Campeão dos pesos leves do UFC, Charles do Bronx é simplesmente o maior finalizador da história do evento. Em sua divisão, uma das mais competitivas da categoria, ele enfileirou nomes como Justin Gaethje, Dustin Poirier e Tony Ferguson antes de chegar ao cinturão. Ainda na ativa, Charles mantém acesa a chama de continuar a trajetória de brilho intenso no esporte.
A Leoa brasileira sem dúvida alguma é uma das maiores lutadoras de MMA da história. Ela conseguiu o feito de ser a primeira mulher a ser duplo-campeã do UFC, após desbancar estrelas do calibre de Valentina Shevchenko, Ronda Rousey e Cris Cyborg — esta última invicta por 13 anos na época. Indiscutivelmente, Amanda é uma das maiores vencedoras brasileiras e merece estar no rol dos mais destacados da história.
O canadense Georges St-Pierre é forjado na guerra do octógono. Foi duplo-campeão dos pesos médios e foi eleito o melhor atleta de seu país em 2008, 2009 e 2010. Alcançou a marca de treze vitórias consecutivas, sendo um dos campeões com mais lutas que valiam o cinturão na história do UFC. Detém, por sinal, inúmeros recordes e apenas duas derrotas em seu cartel. Uma lenda das mais impressionantes.
A história de José Aldo é, por si só, digna de um filme. Com uma jornada de superações, foi o primeiro campeão peso-pena da história do UFC, depois de o WEC ter sido por ele absorvido. O “Rei do Rio” fez sete defesas de cinturão, com batalhas épicas contra Chad Mendes e o infortúnio contra Conor McGregor, quando foi nocauteado em questão de segundos — o que virou a sua chave na categoria. A despeito disso, é inegável a contribuição de José Aldo no esporte, com seu cartel invejável, grandes conquistas e um legado de absoluta grandeza.
Um homem com 17 vitórias consecutivas no maior palco de lutas do mundo, além de dez defesas de cinturão. Esse é Anderson Silva, o “Spider”, que não apenas ganhava, mas dava um verdadeiro show dentro do octógono. Em seu auge, Anderson era praticamente imbatível e, não à toa, é um dos lutadores mais respeitados e venerados de todos os tempos. É, evidentemente, o maior nome do Brasil no esporte de combate e merece o posto no top 3 desta lista.
Um gênio indomável. Jones chegou como um furacão no UFC, o que, inclusive, acarretou decepções das pretensões brasileiras no esporte. Não fosse a sua existência, talvez Daniel Cormier, Maurício “Shogun” e Alexander Gustafsson teriam uma sorte diferente em suas categorias. Invicto, sua carreira talvez só não seja mais contundente por suas polêmicas fora do octógono, que o afastaram por um longo período das lutas. Jon “Bones” Jones é historicamente um dos mais dominantes seres humanos a desafiar outros em um esporte de combates. E, por isso, sua merecida segunda colocação.
A história dos combates televisivos e massivos para o mundo do entretenimento moderno se confunde com a de Fedor. O brutal russo, que “tirava para nada” todos os seus desafiantes de MMA, totalizou quase 50 lutas em seu cartel, com incontáveis títulos e vitórias. Ficou de 2001 a 2010 invicto, até se encontrar com o brasileiro Werdum, já com seus 34 anos e extensa carreira consolidada. A quilometragem no esporte, por sinal, parece tê-lo afetado pouco, uma vez que possui apenas seis derrotas em toda a sua carreira. Fedor é uma referência das lutas, e seu legado é tão contundente quanto glorioso. E, por isso, sua posição de primeiríssimo lugar neste ranking.
Em nome da honestidade, é preciso pontuar que o lutador mais votado de todo o ranking foi o brasileiro Paulo Borrachinha. Entendemos, entretanto, que ele seria uma espécie de Pelé da lista, uma vez que, ainda em atividade, é de longe a maior lenda da história do MMA. Criador da fórmula do Secret Juice, Paulo Costa teve apenas como desvantagem em seu cartel o fato de as lutas terem rounds com um lapso temporal menor do que o necessário para ele destruir seus adversários.