Última chance de assistir na Netflix ao filme que consagrou Taron Egerton e ganhou o Globo de Ouro David Appleby / Paramount Pictures

Última chance de assistir na Netflix ao filme que consagrou Taron Egerton e ganhou o Globo de Ouro

“Rocketman” inicia com uma cena impactante que Dexter Fletcher, o diretor, claramente quis que fosse marcante. O filme, que se inspira na vida de Elton John de maneira bastante criativa, começa com uma visão colorida do artista, interpretado magistralmente por Taron Egerton, que surge em uma vestimenta extravagante, caminhando determinado por um corredor. Esta entrada simbólica, mais do que uma introdução ao mundo de Elton John, prepara o espectador para uma jornada íntima através de sua vida, marcada tanto pelo sucesso quanto pela luta pessoal.

Diferentemente de um documentário tradicional, “Rocketman” mergulha fundo no aspecto musical, usando as canções de Elton John para contar sua história, enquanto a narrativa se desdobra de forma mais livre e imaginativa. Desde o começo, fica evidente que Fletcher não se limita a uma recontagem factual, optando por uma abordagem que mistura realidade e fantasia, refletindo a própria natureza teatral de Elton John.

A partir da infância de John como Reginald Dwight até seu estrelato, o filme explora os altos e baixos de sua vida, destacando a complexa relação com seus pais e seu gerente John Reid. O roteiro sugere que a falta de afeto familiar e as dificuldades pessoais moldaram tanto a personalidade quanto a carreira de Elton John, uma ideia que, embora simplificada, serve como ponto de partida para explorar a profundidade de seu personagem.

Taron Egerton brilha no papel de Elton John, trazendo uma performance que captura a essência do cantor. A habilidade de Egerton em transitar entre diferentes gêneros é evidente em “Rocketman”, onde ele não só atua, mas também canta, adicionando uma camada de autenticidade à sua interpretação.

O filme faz uma interessante comparação com “Bohemian Rhapsody”, outra cinebiografia musical dirigida em parte por Fletcher. Enquanto “Bohemian Rhapsody” adota uma abordagem mais realista, “Rocketman” se permite ser mais fantasioso, refletindo a personalidade extravagante de Elton John e a forma como ele se expressa através de sua música e performance.

O filme não é apenas uma celebração da carreira de Elton John, mas também uma exploração de sua busca por identidade e aceitação. Através das músicas, “Rocketman” destila momentos-chave da vida do cantor, criando uma experiência que é tanto um concerto quanto uma jornada emocional.

A narrativa de “Rocketman” é estruturada de forma a oferecer uma visão íntima da luta de Elton John contra seus demônios pessoais, culminando em sua eventual redenção. A escolha de encerrar o filme com “I’m Still Standing” não é apenas um aceno para um de seus grandes sucessos, mas também uma declaração poderosa sobre sua resiliência e capacidade de superar as adversidades.

Ao abraçar a fantasia e o espetáculo, “Rocketman” consegue capturar a essência de Elton John de uma maneira que uma biografia convencional talvez não conseguisse. O filme é um testamento à força da música e da arte como veículos para a expressão pessoal e a transformação.


Filme: Rocketman
Direção: Dexter Fletcher
Ano: 2019
Gêneros: Drama/Biografia/Musical
Nota: 9/10