Filme da franquia de ação mais lucrativa dos últimos anos está na Netflix

Filme da franquia de ação mais lucrativa dos últimos anos está na Netflix

Filmes que criticam aspectos sociopolíticos frequentemente incorporam elementos de sátira, e “Transformers: O Último Cavaleiro”, que está na Netflix, não foge a essa tendência, exagerando em denunciar as potenciais adversidades da vida na Terra em um futuro próximo. A crítica ao status quo, à elite cruel e egocêntrica, e aos governantes cínicos, que permanecem indiferentes ao sofrimento do povo, torna-se mais acessível quando articulada de maneira a não alienar a compreensão do público comum.

O filme de Michael Bay, ao destacar a influência de criaturas extraterrenas no destino humano, sugere, de certa forma, a tentação de confiar nossos destinos a máquinas que criamos, mas que permanecem além de nossa compreensão.

Ao apresentar essa perspectiva, o filme provoca reflexões sobre o avanço retroativo dessas estruturas, que inicialmente eram diminutas e, ao longo do tempo, cresceram em complexidade, emulando nosso próprio desenvolvimento. Apesar de não ser razoável esperar que tramas de ficção científica restrinjam a criatividade para atender a demandas lógicas do público, a coerência narrativa é fundamental, algo que se aprende desde os anos escolares, cultivando um raciocínio lógico e atento às injustiças.

Num contexto medieval na Inglaterra, uma batalha determina o destino dos homens sob o comando do rei Artur. A desconfiança dos soldados em relação a Merlin, considerado um charlatão, poderia manter o enredo cativante, mas a necessidade de introduzir elementos fantasiosos, como uma estrutura metálica transferindo um cajado também metálico a um guerreiro, acaba sendo um dos pontos de desconforto que coroam a obra de Bay, que se estende pretensiosamente por 154 minutos. Na quinta produção da franquia, o diretor reutiliza conceitos anteriores, enfatizando as mínimas chances de um desfecho positivo para a humanidade.

Anthony Hopkins, inesperadamente, integra o multiverso como Sir Edmund Burton, uma figura histórica que, desde Catarina 2ª da Rússia até Elizabeth 1ª, dedicou-se a proteger a história secreta dos Transformers. Hopkins continua a encantar, contrastando com o desempenho mecânico de Mark Wahlberg, cujo personagem Cade Yeager ilustra a dependência humana de salvadores que revelam sua faceta despotista, explorada por Bay ao adotar a estética de “Mad Max”. Infelizmente, nessa fase, apenas os ardentes admiradores da franquia permanecem verdadeiramente envolvidos com a narrativa.


Filme: Transformers: O Último Cavaleiro
Direção: Michael Bay
Ano: 2017
Gêneros: Ação/Ficção científica
Nota: 7/10