Filme baseado em obra-prima da literatura inglesa, já ultrapassou 550 milhões de dólares nas bilheterias Divulgação / Warner Bros.

Filme baseado em obra-prima da literatura inglesa, já ultrapassou 550 milhões de dólares nas bilheterias

A Netflix estreou uma série de filmes dirigidos por Wes Anderson inspirados em contos de Roald Dahl, mas talvez você ainda não saiba que uma das mais famosas histórias do cinema também foi criada pelo autor britânico. “A Fantástica Fábrica de Chocolate” foi publicado em 1964 e apenas sete anos depois ganhou a versão cinematográfica, estrelada por Gene Wilder.

O filme marcou várias gerações e foi exibido na TV aberta centenas de vezes ao longo de décadas. Foi tão bom que por mais de 30 anos foi mais que suficiente para trazer às telas uma das mais amadas e mágicas histórias do autor de literatura infantojuvenil. Ele também escreveu “Os Gremlins”, “James e o Pêssego Gigante”, “O Fantástico Sr. Raposo” e “Matilda”.

“Wonka” é a terceira e mais recente adaptação cinematográfica em live-action do personagem de Willy Wonka. Anunciado pela Warner desde 2016, o filme sempre foi planejado para não ser um remake, mas um roteiro que narrasse as origens do emblemático chocolateiro.

Confesso que não sou uma das maiores fãs de musicais, que repetidamente caem na mediocridade de atuações forçadas e constrangedoras. Não vou dizer que “Wonka” está 100% seguro de não entrar para o bolo, mas acho que neste filme conseguiram segurar bem sem forçar demais a barra e acabar soando ridículo. Tanto o diretor, o experiente e diversas vezes indicado a premiações Paul King, quanto Timothée Chalamet, que já demonstrou ter talento de sobra, garantiram a qualidade do filme.

Chalamet não é versátil como Johnny Depp, mas conseguiu dar sua personalidade ao personagem de Wonka. Enquanto o Wonka de Depp, do filme de 2005, era assustadoramente excêntrico, nesta versão mais recente Timothée é mais doce, vibrante e encantador. Mas, tudo bem. O que já passou por Tim Burton que não tenha ficado minimamente sombrio e sinistro?

A versão de King é muito mais alegre, otimista e divertida. Os cenários, figurinos e maquiagens são verdadeiramente umas joias para os olhos, nos conduzindo para um universo fantástico e chamativo. Os diálogos e as canções são cafonas e caricatas, mas as atuações charmosas de Chalamet, a fiel parceira de Wonka, Noodle, interpretada por Calah Lane, e o Oompa Loompa de Hugh Grant amenizam tudo isso, proporcionando duas horas de diversão genuína. Este filme funciona muito bem com crianças, justamente pela estética colorida, exagerada e lúdica e os diálogos recheados de trocadilhos e onomatopeias.

Talvez devesse ter rendido indicações ao Oscar 2024 em categorias técnicas, como figurino e design de produção, mas não importa muito. Aclamado pela crítica e um sucesso de bilheteria, até agora o filme já arrecadou mais de 550 milhões de dólares nas bilheterias. Se você ainda está resistente em assistir este filme por apego aos anteriores, não temas. Timothée Chalamet é uma promessa que entrega.

Se quiser tornar a experiência mais divertida, pode assistir aos anteriores para encontrar ‘easter eggs’ deixados pelo diretor. Quer uma dica? Wonka, no filme de Paul King, é enganado por um contrato com letras minúsculas e muito, muito grande. Ele assina para que possa pagar a conta do albergue apenas no dia seguinte. Como ele não sabia ler, acaba caindo em uma armadilha do contrato. No filme de 1971, de Mel Stuart, Wonka faz um contrato gigante, deixando muito claro para as crianças as regras para ganhar o prêmio na fábrica.


Filme: Wonka
Direção: Paul King
Ano: 2024
Gênero: Comédia/Drama/Musical
Nota: 9/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.