Baseado em livro com 10 milhões de cópias vendidas, filme na Netflix é obrigatório aos amantes de leitura Divulgação / IFC Films

Baseado em livro com 10 milhões de cópias vendidas, filme na Netflix é obrigatório aos amantes de leitura

Baseado no romance com mais de 10 milhões de cópias vendidas no mundo, de Joanna Smith Rakoff, “Salinger Year”, o longa-metragem “Meu Ano em Nova York” é uma adorável história que narra a jornada de Joanna (Margaret Qualley), uma aspirante a escritora, durante seu trabalho em uma agência literária localizada em Nova York. Margaret Qualley é filha da atriz Andy McDowell e do modelo Paul J. Qualley. Verdade seja dita. Ela não é do tipo que ficou famosa por causa dos pais. A garota é um talento verdadeiro e isso fica muito claro neste filme.

Dirigido e adaptado para as telas por Phillippe Falardeau, a história é ambientada em 1995, quando os livros estavam em alta e as livrarias tradicionais de rua ainda vendiam. Joanna é uma garota sonhadora e apaixonada por leitura que enxerga a vida dos escritores de forma bastante romantizada. Quando ela consegue um emprego em uma agência que publica os livros de ninguém menos que J.D. Salinger, recluso há três décadas, ela se sente vivendo um sonho.

Mas o sonho não é bem como ela imaginava. Sua chefe bem-sucedida, Margaret (Sigourney Weaver), é um misto de autoritarismo com conservadorismo. As orientações de trabalho são bem diferentes do que Joanna esperava. Ela pensava que encontraria um trabalho criativo que a mergulharia em um universo artístico promissor. Na verdade, sua função é ler cartas que chegam para Jerry, J.D. Salinger, respondê-las com uma resposta padrão, que é a mesma desde 1961, e depois destruí-las na máquina de picotar papel. Jerry não recebe nenhuma carta, independente de serem de acadêmicos, produtores de filmes, jornalistas ou fãs. Nenhuma chega até ele.

Imaginativa como Joanna é, ela lê as cartas e pensa sobre cada pessoa por trás delas, criando, até mesmo, diálogos em sua cabeça com esses indivíduos misteriosos. Cansada de obedecer as ordens de Margaret e sentindo que o público de Salinger merece uma resposta mais adequada, ela começa a corresponder com essas pessoas.

Enquanto isso, Joanna atende os telefonemas de Jerry para Margaret. Com o telefone preso à orelha, ela sente um misto de pânico e empolgação quando ouve a voz de um dos maiores escritores do século 20, falando diretamente com ela. Parece um sonho, mas ela se permite viver isso. A voz simpática e sempre trazendo pequenas frases de reflexão e sabedoria se tornam uma experiência excepcional para Joanna que poucos tiveram a sorte de vivenciar. Apesar disso, Joanna nunca tinha lido um livro de Salinger antes de ela trabalhar na agência.

Na segunda metade dos anos 1990, os computadores começam a borbulhar pelos lares americanos e a internet se torna algo bastante acessível, fazendo com que o trabalho da agência fique ameaçado pelas cópias não autorizadas publicadas na internet de livros.

Com uma aura nostálgica e romântica, “Meu Ano em Nova York” é impulsionado pela atuação viva e encantadora de Margaret Qualley, que dá ritmo para o filme, que é naturalmente lento. Mesmo assim, o longa-metragem é tão despretensioso e leve, que é um verdadeiro refresco do que é tradicionalmente apresentado nos cinemas.


Filme: Meu Ano em Nova York
Direção: Philippe Falardeau
Ano: 2020
Gênero: Drama
Nota: 9/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.