Filme épico alucinante que acaba de estrear na Netflix vai fazer você ficar em casa no final de semana Cha Min-jung / Netflix

Filme épico alucinante que acaba de estrear na Netflix vai fazer você ficar em casa no final de semana

O fim do mundo é um fetiche cheio de possibilidades para os sul-coreanos. Em “Invasão Zumbi”, um homem divorciado e com uma compulsão por trabalho sem cura, é convencido pela filha, que mora com ele, a levá-la para uma temporada com a mãe. Eles tomam um trem para Busan, mas a viagem, que deveria ser tranquila, acaba apresentando mais percalços do que imaginavam, devido à súbita ocupação de mortos-vivos em toda parte — inclusive no trem.

A excelente distopia monstruosa de Yeon Sang-ho foi o incentivo de que diretores da Coreia do Sul precisavam para assumir sua obsessão pelas mais variadas formas de apocalipse, e “Em Ruínas” Heo Myeong-haeng toma o bastão intrepidamente, continuando uma nova tradição que parece longe de se esgotar. Os roteiristas Kim Bo-tong e Kwak Jae-min mantêm o centro da narrativa em território nacional, mas apontam para questões de alcance planetário, o que justifica o filme sem a necessidade de apelos panfletários, embora a mensagem esteja sempre lá.

Yang Gi-su, o cientista maluco interpretado por Lee Jun-hee, tenta reviver a filha, So-yeon, de No Jeong-ee, com um método que já causou a morte de mais de cem pessoas.

Um batalhão de policiais irrompe para detê-lo, mas é tarde: ele já inoculou a polêmica substância que garante algum tempo de vida a mais à custa de uma estranha metamorfose, e apesar de levar um tiro, escapa. Enquanto isso, não muito longe dali os últimos sobreviventes do cataclismo tentam resistir lançando-se com ímpeto sobre toda criatura que reúna em seu corpo alguma carne, ou melhor, quase toda. Choi Ji-wan, ex-morador de um bairro abastado de Seul, avista um gato laranja, mas poupa o animal de sua flechada, preferindo concentrar-se no crocodilo que se arrasta na sua direção logo depois.

Ele acerta um arremesso na cabeça do réptil, perto do ouvido, mas o golpe não é suficiente sequer para imobilizá-lo. Ele tenta de novo, a fera se aproxima, Choi Ji-wan entra num carro abandonado, o monstro, experiente em cenários extremos, genuíno representante da era jurássica, o persegue, chegando a botar o focinho dentro do veículo. Quando seu destino parece selado, Nam-san, o caçador da terra má do título em inglês, não só o resgata como fatia o bicho a partir da cauda, trocando os nacos por ferramentas, roupas ou qualquer outro objeto que tenha-lhe alguma utilidade imediata. Joias, nem pensar: o mundo já acabou há três anos, e Choi Ji-wan e Nam-san estão conformados com essa funesta realidade.

Da mesma forma que em “Invasão Zumbi”, Ma Dong-seok materializa um anti-herói que defende sua gente de ameaças desconhecidas, aqui agravadas pela ação de canibais e um ou outro discípulo de Yang Gi-su. Heo Myeong-haeng abusa dos efeitos especiais típicos de produções congêneres, apostando na habilidade de seu rotundo protagonista, mormente nas inumeráveis sequências de ação. Como se assiste no encerramento, só esse paladino do pós-apocalipse pode frear a sanha do vilão de Lee Jun-hee por almas que não lhe pertencem — malgrado também cometa seus deslizes.


Filme: Em Ruínas 
Direção: Heo Myeong-haeng
Ano: 2024
Gêneros: Ação
Nota: 8/10