— Alô, ouvintes, estamos aqui, ao vivo com o secretário de segurança. Como o senhor está, Secretário?
— Até agora, tudo bem.
— Até agora?
— É… Porque nesse momento eu estou aqui na Linha Vermelha. Será que você pode falar mais alto, por favor.
— Claro, vamos tentar melhorar a qualidade da ligação…
— Não, a ligação está boa, mas é que está acontecendo um tiroteio aqui e o barulho dos tiros é muito alto!
— Meu Deus! Que situação! O que o senhor tem a dizer para essas pessoas que estão sob fogo cruzado na Linha Vermelha?
— O motorista tem que saber que o nome da via é Linha Vermelha. Vermelho é pare! Então não deviam nem entrar. Deveriam escolher outro caminho.
— E por que o senhor mesmo não escolheu outro caminho?
— Tá doido? Você acha que eu sou maluco de pegar a Avenida Brasil? Lá é muito barra pesada!
— Então por onde as pessoas deveriam ir? Pela Linha Amarela?
— Eu não iria. Amarelo significa atenção. Tem que ter atenção ao trafegar por ali. Vai que acontece um tiroteio!
— Então, que caminho resta para o motorista trafegar?
— Olha, com tranquilidade só mesmo na Linha Verde.
— Tem Linha Verde no Rio de Janeiro? Eu não conheço.
— Porque ela não existe. O Rio de Janeiro não tem nenhuma condição de ter Linha Verde.
— Voltando a questão da Linha Vermelha. A situação ainda está muita tensa por aí?
— Você tem que ver que a tensão não é o tempo todo. Quando não tem tiros a situação é de tranquilidade.
— E quando é que não tem tiros?
— Entre um tiro e outro não tem tiros. Se você comparar o tempo dos tiros com o tempo entre os tiros, o tempo entre os tiros é maior, portanto, a sensação de tranquilidade é muito maior do que a de tensão.
— E existe algum planejamento para enfrentar essa situação?
— Existe um plano sim.
— E qual é o plano?
— O plano é fazer um plano.
— Quando será feito esse plano?
— Assim que a gente conseguir sair de trás dessa mureta aqui da Linha Vermelha. Mas está difícil viu, que é tiro pra todo lado. Ai meu Deus! Alguém precisa fazer alguma coisa!