História de crime impressionante, na Netflix, que vai te deixar de queixo caído Divulgação / Netflix

História de crime impressionante, na Netflix, que vai te deixar de queixo caído

As redes sociais popularizaram no mundo todo os investimentos. Coaches de finanças, páginas sobre enriquecimento rápido e sites de investimentos borbulharam na rede na última década. Não que a bolsa de valores seja uma farsa, mas as coisas são bem diferentes do que ensinam on-line. O mercado é um jogo arriscado para quem não tem munição. “Criptofraude” é um filme que explora a história real de três jovens golpistas que fizeram fortuna forjando uma empresa de criptomoedas e embolsaram milhões de dólares até serem desmascarados por jornalistas.

Dirigido por Bryan Storkel e escrito por Weston Currie e Jonathan Ignatius Green, o documentário orbita em torno de Ray Trapani, Robert Farkas e Sohrab Sharma, três amigos cheios de ambição que viram na ascensão do mundo das bitcoins sua oportunidade de enriquecer. Embora não tivessem diploma universitário e nenhuma experiência em investimentos, eles decidiram fundar uma empresa falsa de criptomoedas, chamada Centra. Seu único trabalho seria criar uma imagem para a suposta empresa e convencer clientes de investirem em suas moedas virtuais falsas.

O enredo gira em torno, primordialmente, de Ray Trapani. Logo no começo do documentário, ele diz que desde criança sempre sonhou em ser um criminoso. “Não um médico, não um advogado. Um criminoso”, ele diz. E ele é o mentor por trás de tudo. É ele quem dá as orientações aos demais, mas nunca se expõe ou se coloca em uma situação de risco ou confronto. É Sohrab Sharma que faz as apresentações e dá as entrevistas aos jornais. O negócio cresce rápido. Eles criam um aplicativo falso para um vídeo promocional, criam um cartão fictício com um logo sem autorização da Visa e começam a ganhar credibilidade de pessoas comuns, que investem todas as suas economias em moedas inexistentes. Enquanto isso, Ray começa a viver uma vida de luxo e ostentação em Miami. Ele conta que ia todos os dias ao shopping center para fazer compras e encomendava com frequência ternos sob medida. Logo um carro esportivo passa a ocupar sua garagem. Ele toma aparência de um verdadeiro magnata.

Apesar de Ray ter estampado a palavra “lealdade” nas suas costas, Robert Farkas questiona o motivo dele ter feito a tatuagem. Afinal, ele é a pessoa mais desleal que já conheceu. Mas tudo que decola rápido demais precisa manter a velocidade para permanecer no céu. Com a pressão de jornalistas, que começaram a questionar inconsistências de sua empresa e site, o trio passa a temer uma queda brusca.

Ao mesmo tempo que Ray, o cérebro de tudo, parecia esperto demais ao ponto de sempre se dar bem, ele também cometeu erros e burrices tão grosseiros que o público se pergunta como suas mentiras o levaram tão longe. Apesar de sofrer com ataques no Reddit e YouTube, com pessoas tentando desmascará-los, a Centra ainda consegue um investimento milionário de uma companhia sul-coreana. Mesmo assim, não demorou para que a polícia aparecesse nas portas de suas casas com as sirenes ligadas e o trio fosse alvo de investigações do FBI.

“Criptofraude” é uma história impressionante e revoltante de como o cinismo e mau caratismo pode levar golpistas a terem sucesso. Ray cooperou com o FBI para prender seus amigos e nunca pagou por seus crimes.


Filme: Criptofraude
Direção: Bryan Storkel
Ano: 2023
Gênero: Documentário/Crime
Nota: 9/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.