Romance mais triste da Netflix vai esmigalhar seu coração e te fazer chorar até lavar a alma Divulgação / Sister

Romance mais triste da Netflix vai esmigalhar seu coração e te fazer chorar até lavar a alma

Estreia de Dan Levy à frente de um longa-metragem, “O Outro Lado da Dor” narra o sofrimento no ano subsequente à morte do marido de Marc, interpretado pelo próprio Levy. Afinal, quando se vive anos com uma mesma pessoa, compartilha com ela todas as suas paixões, amigos, hobbies… tudo, afinal, o que se deve fazer quando ela morre? Para onde ir? Como ver a vida sob um olhar solitário, quando só se sabe o que é o olhar compartilhado?

O filme lembra, em alguns aspectos, “P.S. Eu Te Amo”. A protagonista do filme, vivida por Hilay Swank, passou semanas em sua cama sem tomar banho e sem saber como seguir a vida sem seu amor. Imagino que a realidade é, algumas vezes, ainda mais dura. A perda do amor provoca uma lacuna na qual muitas vezes quem sofre o luto pode se afundar nela. No caso de Marc, é seus amigos, Sophie (Ruth Negga), uma figurinista de filmes, e Thomas (Himesh Patel), um curador de uma galeria de arte, que o puxam constantemente para cima, mas quase nunca de uma forma suave e amorosa.

Oliver (Luke Evans), o falecido marido de Marc, escreveu uma série de livros juvenis, deixando uma boa herança para trás. Morto em um acidente de carro, ele havia escrito uma carta para Marc antes da fatalidade. A carta, no entanto, nunca foi aberta. E, quando ele decide finalmente ler, descobre coisas que alteram o curso de sua vida. Quando a advogada que fica responsável por tomar conta da vida financeira de Oliver avisa Marc que o contrato do aluguel do apartamento em Paris está prestes a acabar, ele não sabe do que ela está falando. Afinal, nunca esteve no tal lugar, embora as despesas gastas por Oliver lá fossem para duas pessoas. Então, Marc decide abrir a carta e descobre que seu amado marido pretendia se separar.

Emocionalmente abalado, Marc não sabe como contar para Sophie e Thomas sobre seu casamento imperfeito, afinal, os dois acompanharam o luto dele ao longo do ano e esgotaram sua fonte de empatia e compaixão. Revelar que descobriu que seu relacionamento perfeito era uma farsa e que o marido o traía com outro em um apartamento em Paris não o faria receber o devido consolo de seus amigos, afinal, ele já os havia sobrecarregado durante todo o ano. Thomas chegou a se mudar para a casa do casal para tomar conta de Marc.

Então, ele decide convidar Sophie e Thomas para um fim de semana no apartamento de Paris sem revelar os detalhes sobre o local e fingindo que já havia estado lá antes com Oliver. Com a visita, Marc pretende descobrir quem era o amante de seu companheiro. Em Paris, ele descobre se tratar de um dançarino muito mais jovem. Enquanto mastiga esse turbilhão de informações inesperadas sobre a vida secreta de Oliver, Marc precisa lidar com questões de amizade, já que cada um está passando por suas próprias dificuldades, transformando os diálogos em duelos de egos e transbordamento de dramas particulares. As falas são longas e exigem que o público tenha sensibilidade e atenção. O melodrama de Levy é um ótimo trabalho de entrada e pode provocar desconfortos emocionais em quem assiste.


Filme: O Outro Lado da Dor
Direção: Dan Levy
Ano: 2023
Gênero: Drama/Comédia
Nota: 8/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.