Em um ano no qual a leitura para mim foi mais pesquisa — muito por conta da seleção de poemas para gravações — ao sentar-me para fazer essa lista, dei-me conta de que um terço dela foi preenchido por poesia ou microcontos. E dei graças por isso, pois foram 12 meses recheados de desastres, desacertos e guerras, declaradas ou não. E, quando tudo fica de ponta-cabeça, nada melhor que a poesia para recolocar um pouco de sentido no mundo e nos fazer enxergar as pequenas belezas que recheiam o dia a dia e insistimos em não ver… É como já disseram sobre “a arte existir porque a vida não basta”. Mas houve espaço também para deliciosas releituras, que é como visitar um antigo amigo e falar sobre os velhos tempos, e também para descobertas de novos e promissores autores.
Uma série de entrevistas que o mestre do suspense concedeu ao gênio francês, em que discorre sobre sua carreira no cinema — extensa e recheada de sucessos, tendo começado em 1922 e ido até 1976 — mas que movida pela curiosidade e conhecimento cinematográfico de Truffaut (fã confesso e defensor de Hitchcock), não se fixa somente nos filmes, mas acaba por ser um excelente diálogo sobre o fazer artístico, desde a concepção de uma ideia até o momento de vê-la se tornar realidade. E é delicioso ver como o velho Alfred muitas vezes extrapolava nas artimanhas para divulgar seus filmes, como encontrava um motivo para fazer uma obra (em geral, vindas de livros que caiam no gosto dele ou de sua esposa Alma, inseparável companheira de trabalho). Como bem dito no prefácio, trata-se de “uma aula fundamental” para todos aqueles que gostam da sétima arte. Uma leitura tão boa que comecei em 2023 e está seguindo comigo neste novo ano…
Este pequeno livro (45 páginas) está mais para ensaios que o autor, considerado o “Camus sueco”, fez sobre essa “inalienável aspiração humana à felicidade”. Um documento em que se vislumbra um pensador inquieto sobre a realidade da vida.
Um romance clássico sobre uma greve de mineiros e seus desdobramentos, demonstrando que a luta por direitos sempre foi uma árdua para a base da pirâmide.
Em uma série de artigos para lá de engraçados, o eterno “Casseta” Beto Silva busca respostas para questões primordiais como “Por que as pessoas riem?” ou o futuro do humor em tempos de cancelamento.
Um craque na arte do micro conto, Domit dá fantásticos dribles curtos: “Naquele quarto escuro, sua boca foi um achado. O beijo, roubado”.
Tocante coleção de poemas de uma promissora poeta iniciante, “Aqui Jazz…” faz uma insinuante mistura de delicadeza, metáforas, tristezas e reinvenção.
Uma antologia de quadrinhos nacionais, onde todas as histórias têm a mesma premissa: uma menina vendo uma chuva de meteoros. E disso, nove diferentes histórias surgem…
Em sete instigantes contos, o autor de “A Insustentável Leveza do Ser”, trata os devaneios e traumas que o amor deixa ou instiga nas pessoas.
Os relatos — muito bem escritos — do escritor brasileiro como correspondente de guerra, durante o último conflito mundial.
A biografia de Robert Capa, o mais ousado fotógrafo de guerra que já existiu; além de se aventurar nos campos de batalha, ainda foi um bom vivant e um dos fundadores da mítica agência Magnum. Uma releitura necessária…
A poesia de Mauri de Castro, artista multifacetado, vai da simplicidade de olhar uma flor à busca pela essência humana e deixa pelo caminho um perfume suave.
Última leitura do ano, outro livro de poemas de um autor iniciante que conquistou minha simpatia. Com uma mistura de poemas na língua nativa e também em inglês, além do domínio poético, deixa a impressão de promessa.