Passei boa parte do ano escrevendo meu novo romance (um épico de proporções machadianas, aguarde!) e terminando as ilustrações do meu primeiro livro infantil (uma história sobre a importância da imaginação, aguarde!). Mas não renunciei às leituras, claro, que sempre são uma maneira de escapar à realidade e controlar a ansiedade. As escolhas dos livros refletem esse estado de espírito. Ignorei o hype e a lista de best-sellers, como convém. Busquei os lançamentos, mas também resgatei obras esquecidas nos sebos e na minha própria estante.
Tarantino mistura crítica de cinema, autobiografia, maledicências e implicâncias para falar dos filmes que o empolgaram e o formaram. É um passeio pelas grandes obras produzidas do final dos anos 60 até o começo dos anos 80. Tarantino fala de clássicos como “Dirty Harry” e “Taxi Driver”, mas resgata filmes pouco conhecidos de Brian De Palma, Melvin van Peebles e Dario Argento, enquanto detona desafetos como Robert Altman, Arthur Penn e François Truffaut, que ele compara a Ed Wood, um cineasta amador. Não dá pra discordar. “Especulações Cinematográficas” é para quem gosta de filmes tanto quanto Tarantino. Um livro fundamental para cinéfilos.
Coleção de ensaios humorísticos do autor de “Três Homens num Barco”, considerado um dos livros mais engraçados da literatura inglesa.
Fábula para adultos do criador da tira “Calvin e Haroldo”, com colaboração de John Kascht. Fininho, mas profundo, como todo boa fábula. As ilustrações também são primorosas.
Crônicas com situações quotidianas que lembram esquetes de programas de humor. Meio Luis Fernando Verissimo, meio nonsense, mas sempre muito divertido.
É um fluxo de consciência interminável sobre banalidades e superficialidades. Parece um pouco o insuportável “O Ateneu”, de Raul Pompéia, mas Des Forêts pelo menos sabe usar o ponto final, o que já é um mérito.
Livro de 1964 que só se encontra em sebos (boa sorte). São receitas para o antropófago elegante, do tipo, “Filinto Müller à Nazi”. “Ieda Maria Vargas frita” ou “Norma Bengell com chuchu”. Tem que pesquisar os anos 60 pra entender o contexto, claro.
Crônicas e cartuns produzidos por dois caras muito engraçados. Todas sobre sexo e relacionamento, duas coisas que estão em extinção no século 21. Guarde como relíquia histórica.
Esta é a célebre continuação não-autorizada do clássico de Miguel de Cervantes, escrita possivelmente por Lope de Vega (Alonso Avellaneda é um pseudônimo). Menos melancólico e mais picaresco, é a primeira obra “pirata” da história, antecipando os abutres do Vale do Silício em 240 anos.
Outro livro antigo que resgatei da minha própria estante. É uma aventura humorística e surrealista que lembra Lewis Carroll e Campos de Carvalho. Inspirou o seriado “Lost”.
São 500 páginas de resenhas bem-humoradas com os livros que o autor considera importantes. É obra de consulta para ler e reler sempre.
Cartuns surrealistas que partem sempre da mesma premissa: um homem à espera de um ônibus. A série foi publicada originalmente na revista “Heavy Metal” e é genial (e eu não costumo usar esse termo pra qualquer um)