2023 é o ano que não acaba nunca! Dizem que foi Einstein quem disse: “Uma hora namorando parece um segundo e um segundo com o pé numa brasa parece uma hora”. O ditado, supostamente do velho físico, vale para o ano que finalmente se encerra. Para as coisas difíceis, dias viraram semanas, e para a leitura, ponto máximo da satisfação e prazer desse humilde cronista, semanas viraram minutos. Estatisticamente falando, nem todo o tempo do mundo seria suficiente para ler toda boa obra escrita. A vida é muito curta e o tempo infinito que temos está limitado pela efemeridade da existência. Ops, ficou pesado! Fato: li 48 livros em 2023. Com mais tempo talvez leria o dobro (suponho), ainda assim faltaria muito para ler toda maravilha escrita que existe. Por isso, selecionei aqueles avalizados, referendados, carimbados e com certificado de qualidade (mas nem sempre emitidos por especialistas do ramo). Aí estão os que mais gostei. São uma parcela de todo desejo frustrado pelo tempo, esse impertinente!
Depois do advento de “A Estrada”, livro que compõe a indiscutível grande obra de McCarthy, que tem seu ápice com o clássico mundial “Meridiano de Sangue”, um livro único entre livros únicos, e um jejum literário de dezesseis anos, o autor norte-americano lança a obra-prima “O Passageiro”. Um livro sobre solidão e amizade. Sobre a manifestação de um mundo que tende à melancolia e, por seu pessimismo e finitude, efêmero em todos os sentidos. Um livro sobre a jornada de um herói incomum, genial e cercado por uma horda de criaturas peculiares e improváveis. Com a Física e a Matemática como pano de fundo, a bomba atômica e seus efeitos, McCarthy fala de ciência e vida, de amor e destruição, com uma capacidade surpreendente. Tudo isso do alto de seus bem vividos 89 anos.
Neste livro Krzyzanowski denuncia a formalidade excessiva, a burocracia e os costumes desprovidos de crítica.
Uma narrativa sobre a magia da infância e sobre a passagem dela. É, essencialmente, sobre mudança. Um rito de passagem.
Apesar da aura melancólica, sentimos que estamos diante de um super-herói iminente, em construção. Por causa dos cogumelos, o protagonista condensa uma energia que, supostamente, poderia ser convertida em um superpoder fantástico.
Um colossal e magnífico labirinto complexo, onde em cada nova esquina encontramos um Minotauro à espreita.
A autobiografia de Nástia, uma mulher que enfrentou um urso na Península de Kamtchátka, nos confins do mundo, e sobreviveu, fascina, comove e educa, pois, “tudo é permitido quando nascemos das próprias cinzas”.
“Um animal demasiado solitário devora a si mesmo”, essa síntese melancólica resume a jornada de Eisejuaz, um índio do povo Wichí, cujos nomes são muitos: água que corre, homem grande, o mais forte de todos…
Os seis contos de “Meninas” são inspirados na memória da autora e suas experiências de criança e fazem um discurso político sobre o regime stalinista.
O livro narra o episódio da passagem de Dã, da tribo de Dã, a Áspide, o Anticristo, o irmão de Jesus Cristo, pelo mundo. O livro é um conjunto de conjecturas nada superficiais sobre religiões, comportamento, disciplina, conduta e moral.
O livro é uma seta orientada. É, exatamente, uma flecha. Ela atravessa o mundo e o tempo e por onde passa usurpa fragmentos da estrutura edificada, se suja de resíduos e os leva para frente, para o futuro.
Uma fantasia política e crítica, cheia de mitologia, ornada com Literatura esotérica, irreverente e engraçada. É um livro que representa uma análise minuciosa da sociedade de sua época.
Um discurso sobre o primeiro amor. Sobre a cumplicidade e a submissão. Em diversos graus, amar é submeter-se.