Aaron Sorkin, autor de enredos premiados como “A Rede Social” e séries políticas como “The West Wing” e “Newsroom”, é o responsável por dirigir e escrever “Os 7 de Chicago”. Apesar de sua extensa carreira como roteirista, sua incursão na direção começou recentemente com “A Grande Jogada” em 2017. Contudo, em seu mais recente trabalho, “Os 7 de Chicago”, Sorkin mostrou uma notável evolução em suas habilidades como diretor.
O diálogo é o ponto forte indiscutível de Aaron Sorkin, destacando-se por sua obra caracterizada por diálogos extensos, ritmados e refinados. Sorkin é especialista em sarcasmo, dedicando-se minuciosamente a explorar a personalidade e a trajetória de vida de seus personagens para construir suas falas. No entanto, é crucial notar que seus diálogos não se assemelham, de forma alguma, a conversas cotidianas. Isso não é um problema; é essencial distinguir ficção da realidade.
Sorkin considera de grande relevância que seus personagens expressem ideias e emoções que dificilmente seriam externalizadas por uma pessoa comum. São essas falas que conseguem evocar identificação imediata do público. Sua vocação para roteiros é excepcional, destacando-se como um dos maiores, se não o maior, mestre contemporâneo nessa arte, não apenas em Hollywood, mas em toda a indústria cinematográfica mundial.
Em “Os 7 de Chicago”, Sorkin narra o controverso julgamento real de ativistas políticos em 1969, coincidindo com a acirrada disputa eleitoral nos Estados Unidos em 2020. O filme reacende a discussão sobre esse julgamento, retratando uma perseguição política contra líderes de movimentos com suposta inclinação aos ideais esquerdistas. O diretor abre as portas do tribunal para reconstituir o caso dos presos políticos, inicialmente oito, após uma manifestação fatídica que culminou em atos de violência generalizada.
Entre os detidos estão figuras como Tom Hayden, Rennie Davis, Abbie Hoffman, Jerry Rubin, Lee Weiner, John Froines, David Dellinger e Bobby Seale, um dos fundadores dos Panteras Negras. O julgamento coletivo sugere uma conspiração, embora alguns réus nem se conhecessem, e Bobby Seale sequer estivesse presente no ato que o levou à prisão. O juiz Julius Hoffman demonstra parcialidade, enquanto o promotor enfrenta dilemas morais diante de um julgamento injusto.
Ao longo do filme, a injustiça e imoralidade se tornam evidentes, embora Sorkin exagere no drama ao elevar os protagonistas a um status quase divino. Apesar disso, o melodrama não afeta a qualidade da obra, que se destaca por sua trama envolvente, intercalando cenas documentais verdadeiras com ficção. “Os 7 de Chicago” resgata um período fascinante da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, instigando uma reflexão sobre as correntes políticas em meio ao contexto das eleições norte-americanas.
Filme: Os 7 de Chicago
Direção: Aaron Sorkin
Ano: 2020
Gênero: Biografia/ Drama/ Suspense
Nota: 9/10