Ganhador de 2 Oscars, filme no Prime Video é a história mais original e impressionante que você já viu Divulgação / Ward Four

Ganhador de 2 Oscars, filme no Prime Video é a história mais original e impressionante que você já viu

Roteirista de “O Lugar Onde Tudo Terminar”, dirigido por Derek Cianfrance, Darius Marder inverte os papéis em “O Som do Silêncio”, em que desta vez dirige, enquanto Cianfrance assina o texto. Lançado em 2019, este drama inovador e original foi concebido da imaginação de Cianfrance, que em 2009 gravou o filme “Metalhead”, que nunca foi concluído. Marder também participou daquele projeto. Com o tempo, a história foi recriada para este filme, que acabou sendo indicado, em 2020, a seis Oscars. Duas estatuetas foram levadas para casa, por melhor som e  melhor montagem.

Em “O Som do Silêncio”, Riz Ahmed assume o papel de Ruben, um baterista de uma banda de metal cuja vida sofre uma reviravolta quando ele perde abruptamente a audição. Ruben está no meio de uma turnê com sua namorada Lou (Olivia Cooke), integrante da mesma banda. A surdez se interpõe em sua carreira e nos planos que ele tinha para sua vida.

Ruben é um ex-dependente químico, que encontrou na música e no romance com Lou sua redenção. Contudo, a perda auditiva desencadeia uma busca por soluções médicas, revelando a gravidade do problema, a complexidade da reversão, e os custos financeiros proibitivos e muito além de seus recursos.

Nesse contexto, Ruben conhece Paul, diretor de uma clínica voltada para deficientes auditivos. Este local, que demanda reclusão social, tem o objetivo de ensinar os indivíduos com deficiência auditiva a conviverem e aceitarem sua condição.

O filme apresenta duas propostas interessantes, provocativas e reflexivas. Em primeiro lugar, explora a surdez de Ruben para proporcionar ao espectador uma vivência sensorial dessa condição. A narrativa começa com volumes extremamente altos, retratando a banda de Ruben em um show de metal, evoluindo gradualmente para a forma como Ruben passa a perceber os sons: abafados, vozes sussurradas, pequenos ruídos. Quando ele se submete a uma cirurgia coclear, o espectador experimenta, como ele, vozes metalizadas.

A segunda proposta está na relação entre o histórico de dependência química de Ruben e sua obsessão por recuperar a audição. Se antes era um viciado em substâncias, agora sua compulsão é a restauração da audição. A clínica se assemelha a uma instituição de reabilitação, ajudando Ruben a lidar não apenas a saúde auditiva, mas também sua saúde mental.

É importante percebermos que a vida do protagonista gira em torno de sua relação com o som. Ele é um músico. O filme reflete sobre como nossa existência nos faz confrontar situações que estão além do nosso poder de escolha, que nos obrigam abrir mão do controle. Também nos faz enxergar o mundo do ponto de vista de uma pessoa com deficiência auditiva. Riz Ahmed usou bloqueadores de som nas cenas em que a audição de seu personagem se deteriorava, para maior realismo. O elenco da clínica é composto, também, por pessoas com surdez.

Apesar de ostentar uma estética independente que sugere um orçamento modesto, o filme se destaca pelas excelentes atuações, pelo roteiro envolvente e pela direção extremamente competente e organizada. “O Som do Silêncio” tem um roteiro cativante que merece ser apreciada.


Filme: O Som do Silêncio
Direção: Darius Marder
Ano: 2019
Gênero: Drama
Nota: 10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.