Imagine trabalhar como influencer de viagens e ser convidada para passar alguns dias de fim de ano em uma charmosa pousada familiar, em uma cidadezinha perto do Canadá, por um tipão no estilo Ben Affleck? Assim começa a trama de “Um Natal 5 Estrelas”, dirigido por Paula Elle e escrito por Hayley Carr e Guy Yosub. Aqui não vemos nada de surpreendentemente original ou profundo, mas tudo bem. Filmes natalinos são para abstrair, esvaziar a mente e esquecer da vida real.
A história segue Tracey Wise (Jen Lilley), uma princesinha de classe-média, formada em Direito, e que fez de seu hobby sua carreira. Embora tenha diploma, ela não se identificou com a profissão dos pais. Tracey se deu bem mesmo fazendo avaliações de hotéis, pousadas e lugares para passar as férias nas redes sociais. Ela posta fotos, escreve um veredito em seu blog e pronto: sua opinião é capaz de convencer seus seguidores a quererem ou não ir para o lugar.
Até que um dia, ela recebe um convite de um desconhecido, chamado Graham (Jesse Hutch), para passar alguns dias na modesta pousada de sua mãe, que passa por dificuldades financeiras desde que uma grande rede de hotéis abriu uma unidade em sua cidade. Tracey, que está fazendo um teste para ser contratada para uma renomada revista de viagens, precisa avaliar a unidade desta grande rede. Já que passará alguns dias na região, decide aceitar também o convite de Graham.
A proposta é que ela passe um final de semana romântico no lugar com seu namorado, Mark (Nick Preston). No entanto, pouco antes dela fazer o check-in, recebe uma ligação do companheiro terminando o relacionamento. Ele parece mais constrangida que arrasada com a notícia. Afinal, seu namoro amplamente divulgado na internet agora não existe mais. Além disso, é preciso avisar os anfitriões que um dos hóspedes não virá para a viagem.
Graham tem todo um roteiro preparado para Tracey. Ele quer que ela conheça os lugares e eventos mais tradicionais de sua cidade para que compreenda a conexão entre a história de sua pousada com a da comunidade. Agora que ela está sem Mark para acompanhá-la nos passeios, Graham é convidado para ser seu guia durante toda a programação.
Enquanto eles passam um tempo juntos, Graham se abre sobre suas inseguranças em relação à pousada, que pode nem estar mais aberta no próximo Natal por conta da perda de clientes; a promessa que fez para seu falecido pai sobre administrar a pousada ao lado de sua mãe; e também sobre ter desistido da tão sonhada carreira de fotógrafo. Graham foge do estereótipo do machão misterioso e lacônico. Ele é um sujeito sensível e amoroso, que se dedica totalmente à sua mãe e que sonha em encontrar um par, embora tenha algum trauma no passado relacionado a isso que nunca é explicado.
A presença de Tracey é crucial para erguer os ânimos de toda a família: Graham, a mãe Sarah (Kate Twa) e a tia Barbara (ShellyLyn William). A blogueira sugere que eles voltem a realizar o baile anual de Natal, extinto há cinco anos, e que unia toda a comunidade. Para ela, o evento irá mostrar o diferencial de sua pousada para os turistas, que reconhecerão o local como tradicional, aconchegante e uma verdadeira experiência cultural da cidade. Graham aceita a sugestão e todo mundo se mobiliza para realizar o evento, inclusive Tracey, que já deveria ter ido embora para o hotel de rede fazer a avaliação para a revista renomada. Quando Graham descobre que Tracey irá publicar algo sobre o outro hotel também, ele acha que a publicação selará de vez o fim de sua singela pousada.
“Um Natal 5 Estrelas” é bastante simples, previsível e comum. Não há nada que já não tenhamos visto antes. Mas talvez seja aí que reside o prazer. É o tal do “guilty pleasure”. Algo que você gosta e não admite para ninguém. Gosta pela simplicidade. Às vezes, até pela mediocridade. Afinal, há cinema e cinema. Aqui, o filme é feito para relaxar sem pensar. E funciona bem.
Filme: Um Natal 5 Estrelas
Direção: Paula Elle
Ano: 2022
Gênero: Comédia/Romance
Nota: 7/10