Digno de Oscar, o filme mais bonito, cruel e encantador da Netflix vai mexer com suas emoções e tocar sua alma Divulgação / Caramel Films

Digno de Oscar, o filme mais bonito, cruel e encantador da Netflix vai mexer com suas emoções e tocar sua alma

“O Lugar da Esperança”, lançado em 2020, é um filme irlandês que apresenta uma narrativa crua e impactante sobre a violência doméstica. Dirigido por Phyllida Lloyd e coescrito pela atriz principal, Clare Dunne, o filme traça o percurso angustiante, mas resiliente, de Sandra, uma mãe determinada a escapar do ciclo de abuso perpetrado por seu marido, Gary, interpretado com intensidade por Ian Lloyd Anderson.

O início do filme captura a atenção do espectador com uma cena perturbadora de violência doméstica, estabelecendo um tom realista que permeia toda a obra. Dunne, na pele de Sandra, oferece uma atuação poderosa, encapsulando a determinação e a resistência de uma mulher em circunstâncias terríveis. Esta cena inicial não é apenas uma abertura para a história, mas um retrato vívido das realidades enfrentadas por muitas mulheres ao redor do mundo.

Lloyd, através de sua direção, maneja luz e sombra para criar uma atmosfera que espelha a luta interna de Sandra entre o desespero e a esperança. A inclusão de cenas da vida diária de Sandra com suas filhas, Molly e Emma, interpretadas por Molly McCan e Ruby Rose O’Hara, respectivamente, adiciona camadas de complexidade à história, mostrando que a vida, mesmo nas circunstâncias mais sombrias, contém momentos de alegria e amor.

A trajetória de Sandra na construção de um novo lar, com o apoio de amigos e da comunidade, ressalta a importância da solidariedade e do apoio mútuo em momentos de crise. Este elemento do filme ganha um significado adicional considerando o contexto da pandemia de Covid-19, que não só interrompeu as filmagens, mas também exacerbou os problemas de violência doméstica globalmente.

Além de ser uma expressão artística notável, “O Lugar da Esperança” se destaca como um veículo de conscientização social. Dunne, ao promover o filme em festivais e cinemas, não se limita ao papel de atriz, mas assume o papel de ativista, buscando inspirar e apoiar outras mulheres que enfrentam abusos.

O filme conclui, deixando o público com um misto de sentimentos: a dor pela realidade de Sandra, a admiração por sua inabalável força e coragem e a urgente necessidade de uma mudança social em relação à violência doméstica. “O Lugar da Esperança” serve como um lembrete crítico: enquanto algumas histórias são silenciadas, outras precisam ser proclamadas para que mudanças reais possam ocorrer.


Filme: O Lugar da Esperança
Direção: Phyllida Lloyd
Ano: 2021
Gênero: Drama/Thriller
Nota: 9/10

Carlos Willian Leite

Jornalista especializado em jornalismo cultural e enojornalismo, com foco na análise técnica de vinhos e na cobertura do mercado editorial e audiovisual, especialmente plataformas de streaming. É sócio da Eureka Comunicação, agência de gestão de crises e planejamento estratégico em redes sociais, e fundador da Bula Livros, dedicada à publicação de obras literárias contemporâneas e clássicas.