“Você já viveu um amor impossível?” Esta pergunta tem me acompanhado pela Avenida Paulista. Explico: vários adesivos foram espalhados em diversos locais com esses dizeres. Antes de refletir sobre a pergunta, imaginei que a frase poderia ser alguma propaganda. Sei lá, do modo como muitos têm banalizado o amor, uma ação de marketing não era algo impossível de cogitar!
Cheguei em casa — com a pergunta na cabeça — e fui pesquisar. Para minha surpresa, a frase era usada em um videoclipe da banda “Lítera” de Porto Alegre, para divulgar seu recente CD. Ótima sacada! Com tudo esclarecido, vou eu perguntar: E você, já viveu um amor impossível?
Acredito que todos nós já passamos por essa experiência ou estamos passando. Mas, o que torna um amor impossível?
Meu tio, por exemplo, apaixonou-se por sua vizinha de 19 anos. Mesmo com 70 anos, ele nunca acreditou que a diferença de idade fosse um problema. Respeito sua opinião. Porém, ela, diferentemente dele e da minha opinião, não compactuava com a ideia de que “o amor não tem idade”.
Outro exemplo: um amigo meu, na época da faculdade, apaixonou-se pela nossa professora de Direito do Trabalho. Além da competência extraordinária, a professora era realmente uma beldade. O difícil era não se apaixonar por ela. Ao contrário do meu tio, meu amigo obteve êxito em sua conquista. O impossível tornou-se possível.
Pois bem, poderia citar mais alguns milhares de exemplos sobre amores impossíveis (bem-sucedidos ou não). Entretanto, insisto: O que faz um amor impossível?
Sinceramente, não acredito em amor impossível. Acredito no amor possível, vivido dia a dia. Minha história, com a minha mulher, até se encaixaria em um caso de amor impossível. Contudo, tornou-se um amor possível, porque vivi, sofri e aprendi, desde o primeiro estágio (troca de olhares, sorrisos cativantes, beijos ardentes, sexo fascinante, milhares de brigas) até o último estágio (morar juntos, milhares de brigas).
Porém, aqui, vai um alerta: não foram os olhares, não foram os sorrisos, não foram os beijos, não foi o sexo ou morar juntos que me fizeram enxergar tudo isso. O comprometimento, sim, me fez enxergar. Aliás, quando você se compromete com quem ama, qualquer relação se torna possível.
Eu amo, tu amas, ele ama… Hoje, diversas pessoas escrevem, falam, atuam (mesmo não sendo atores) sobre todos os sentimentos, principalmente o amor. Isso é fácil; difícil é ter alguém que entre em nosso barco disposto a suportar as tempestades do cotidiano.
Se isso acontecer, bingo! Estaremos prontos para viver um amor possível. Estaremos prontos para ver que os detalhes estão presentes nos pequenos gestos: um bom dia, um toque, um beijo, um abraço apertado, dormir abraçado, rir dos próprios defeitos e dos defeitos do outro, respeitar a opinião do outro, preservar os momentos de intimidade, dividir responsabilidades… Enfim, menos planejamento e mais espontaneidade.
Não importa se o seu amor é impossível, possível, esteja ou não pregado em ruas. Sinceramente, não importa! Apenas tenha em mente, que “amar é compartilhar a visão do mundo e a concepção de vida que cada um tem, refletindo (juntos) sobre as razões para julgar e agir dessa ou daquela maneira”. É entregar, ao outro, a chave de seu próprio mundo racional e emocional, sem esperar, absolutamente, nada em troca.