Influenciado por Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, thriller na Netflix é um dos filmes mais vistos do momento Divulgação / SP Media Group

Influenciado por Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, thriller na Netflix é um dos filmes mais vistos do momento

“V Para Vingança” não tem relação nenhuma com “V de Vingança”. Na verdade, há muito pouco (ou nada) em comum entre os dois filmes. Neste, lançado em 2022 sob direção de Kelly Hallihan e roteiro de Steven Paul e Peter Moore Smith, acompanhamos um terror B bem trash que gira em torno de três irmãs que tiveram seus pais assassinados durante a infância e foram adotadas por um vampiro de caráter duvidoso. Aliás, duas das irmãs, Emma (Jocelyn Hudon) e Scarlett (Grace Van Dien), foram adotadas por Thorn (Sean Maguire), com quem elas eventualmente romperam, após viverem uma espécie de Síndrome de Estocolmo. Ele é o assassino por trás da morte dos pais das garotas.

Kate (Pauline Dyer), a terceira irmã, é resgatada por Bullseye (Graham Greene), um vampiro respeitável, que a cria e a protege. Mas sem que as outras saibam de seu paradeiro, Kate é dada como morta. Depois de adultas, Thorn recebe a notícia de que a terceira está vivíssima e conseguiu finalizar o projeto de seus pais de desenvolver uma vacina para curar vampiros de sua vampirice. Fica, então, revelado que a injeção foi o motivo que fez com que Thorn os exterminasse. Mas outra informação relevante é que o antídoto é feito com o sangue tipo V. Raríssimo, as três meninas são portadoras dele, o que teria feito Thorn adotá-las e mantê-las vivas.

As três também se tornaram vampiras em algum momento de suas vidas que não é revelado no filme. Provavelmente posterior ao seu crescimento, já que todas elas puderam se tornar adultas. Emma e Scarlett saem em busca da irmã perdida, mas o reencontro também culminará em uma batalha mortal contra Thorn e sua trupe de vampiros malvados.

Com más atuações, péssimas coreografias de ação, baixo orçamento e efeitos de qualidade duvidosa, “V Para Vingança” se enquadra em todos os requisitos de um típico filme B, porque apesar de suas limitações orçamentárias, ainda consegue entregar um entretenimento que funciona em alguma dimensão de tudo isso. Há uma bizarrice cômica repleta de violência que atrai certos perfis de espectadores e que, com certeza, vão se sentir satisfeitos com o que está sendo entregue.

O enredo, embora envolvente, não oferece uma exploração profunda das experiências das três irmãs desde a morte dos pais até a fase adulta. A convivência das irmãs com Thorn durante um período crucial de suas vidas é mencionada, mas os detalhes sobre como aceitaram viver com o assassino de seus pais e quando exatamente foram transformadas em vampiras permanecem nebulosos. Uma cena sugere que, durante algum tempo, a convivência com Thorn não foi tão traumática, levantando questões intrigantes sobre o que teria mudado para que elas percebessem a verdade sobre seu guardião. Algo sobre matar pessoas inocentes no jantar teria despertado a consciência de Emma, mas a convivência de anos já não teria sido reveladora o bastante? Como se deu o processo de transformação em vampiras? Quando exatamente ocorreu? Essas são perguntas que permanecem sem resposta e contribuem para o mistério em torno da narrativa das irmãs.

Se você está em busca de um roteiro sólido com boas atuações, definitivamente este não é o filme certo para você. Mas, com certeza, “V Para Vingança” é uma mistura intrigante de ação e surrealismo, o tipo de produção que agradaria um sujeito como Quentin Tarantino.


Filme: V Para Vingança
Direção: Kelly Hallihan
Ano: 2022
Gênero: Ação/Terror
Nota: 7/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.