Baseado em clássico literário considerado perfeito, filme ganhador do Oscar com Brad Pitt está no Prime Video John Kelly / Columbia Pictures

Baseado em clássico literário considerado perfeito, filme ganhador do Oscar com Brad Pitt está no Prime Video

Vencedor do Oscar de melhor fotografia, “Nada é Para Sempre” é um filme de 1992, dirigido por Robert Redford e adaptado para as telas do romance homônimo de Norman Mclean. A obra literária é um relato semiautobiográfico de Norman e sua relação com o irmão Paul, sua infância em Montana no início do século 20 e a paixão familiar por pesca.  Candidato ao Pulitzer em 1977, o livro não foi premiado porque naquele ano, especificamente, a instituição decidiu não laurear obras de ficção, provocando controvérsias no meio literário. “Nada é Para Sempre” foi tão influente na época de seu lançamento, que despertou uma onda de paixão pela pesca com isca de mosca nos Estados Unidos, praticada por seus protagonistas.

A história gira em torno dos irmãos Norman (Craig Sheffer) e Paul (Brad Pitt), filhos de um severo reverendo da zona rural de Montana (Tom Skerritt) e da amorosa e gentil senhora Mclean (Brenda Blethyn). Quando não estavam na igreja ou estudando, seguindo as rigorosas tradições de sua família, a dupla de meninos corria pelas pradarias, brincava em um ambiente completamente natural e selvagem e aperfeiçoava suas técnicas de pesca em um rio próximo de sua fazenda. Com uma infância mágica, orgânica e livre, Norman e Paul também eram bem-educados (embora estudassem em casa) e cresceram para se tornar intelectuais, afastando-se aos poucos de seu lar.

Paul se formou em jornalismo e conseguiu um emprego em um jornal de Montana. Norman foi estudar em Darthmouth, renomada universidade de Ivy League em Hannover, em New Hampshire. Durante um tempo, após receber seu diploma, ele permaneceu na cidade, antes de retornar para a casa dos pais. O filme foca, principalmente, neste período de reencontro com sua família, onde Norman se reaproxima de seu irmão para descobrir que ele ainda é um alcoólatra e viciado em jogos.

Em Helena, Norman conhece Jessie Burns (Emily Lloyd), a mulher que se tornaria sua esposa. E é em meio a acontecimentos triviais e cotidianos que a história se desenvolve de forma sutil, filosófica e relacionável. A complexidade não está nos eventos que se desenrolam ao longo da trama, mas nas reflexões que Norman faz acerca de sua infância, da amizade e amor que sente pelo irmão, pelas lembranças do lar, os detalhes da natureza e das paisagens de Montana, sua paixão pela pesca e a vida, de um modo geral. Embora tenham convivido desde a infância juntos, Norman sente que não tem controle sobre as ações irresponsáveis de seu irmão. Não é capaz de salvá-lo de si mesmo.

Robert Redford se apaixonou imediatamente pela história, após o livro ter sido recomendado por um amigo em 1980. Ele sentiu uma conexão imediata com a obra de Mclean e sabia que precisava levá-la para os cinemas. Mas foram 12 anos até que o projeto pudesse se concretizar. Redford, além de não conseguir nenhum estúdio que quisesse bancar o filme por ser pouco comercial, também enfrentou a resistência do próprio Norman Mclean, que não queria ver a história de sua família transformada em entretenimento. Foram muitos encontros do cineasta com o autor. Norman acabou falecendo em 1990, antes do filme ser produzido.


Filme: Nada é Para Sempre
Direção: Robert Redford
Ano: 1992
Gênero: Drama/Biografia
Nota: 9/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.