Na Netflix: este é o filme mais visto do momento no mundo todo Divulgação / Netflix

Na Netflix: este é o filme mais visto do momento no mundo todo

Tão insípido quanto pretensioso, o suspense escrito por Rowan Joffe e dirigido por Nour Wazzi, “Paralisia”, tenta construir uma complexa relação entre quatro pessoas que termina tragicamente. Katherine (Famke Janssen) é uma ex-atriz internada em estado gravíssimo e que se encontra com o corpo completamente paralisado. Chamada de síndrome do encarceramento, a situação permite com que consciência de Katherine funcione normalmente. No entanto, a única coisa que ela ainda consegue movimentar é um dos olhos, que usa para se comunicar com a enfermeira Mackenzie (Anna Friel).

Esse tipo de comunicação não é incomum entre pacientes com a mesma síndrome. Os olhos se tornam sua única conexão com o mundo. Casos como da britânica Tracey Okines e do jornalista francês Jean-Dominique Bauby são reais e ambos escreveram livros utilizando seus olhos e com ajuda de uma pessoa que recitava as letras do alfabeto e transcrevia de acordo com sinais dados por meio de piscadas de olhos.

E é durante essas mensagens trocadas por Katherine e Mackenzie que a paciente revela que tentaram assassiná-la. As descobertas da enfermeira são traduzidas para o público por meio de flashbacks. Então, a personagem se torna uma mediadora e nós somos transportados para outro plano temporal.

Agora, anos antes, vemos Katherine em sua mansão em Saint Albans, a 35 quilômetros de distância de Londres. Sombrio, solitário e sob um frio incessante e impiedoso, o palacete abriga a ex-celebridade e seu enteado, Jamie (Finn Cole), um garoto com muitos problemas de saúde. Desde que o pai do menino faleceu, Katherine se tornou sua única cuidadora. Mas, com a morte de uma ex-amiga de infância, ela decide adotar a filha da falecida, Lina (Rose Williams), com idade similar a de Jamie.

A partir de então, a dupla de órfãos firma uma parceria duradoura. Jamie promete para Lina que ela nunca correrá perigos ou será abandonada, Lina promete fazê-lo companhia e ajudá-lo com sua saúde. Os anos passam e os dois decidem se casar, mas a aliança se mostra muito mais desvantajosa para Lina que para Jamie, já que ela se torna uma espécie de cuidadora, eternamente aprisionada na mansão e sempre à disposição de seu parceiro. Aos 20 e poucos anos, ela se sente frustrada por não ter tido muitas experiências de vida, ter perdido sua liberdade, e ter gastado tanto tempo se preocupando mais com outra pessoa que consigo mesma.

O medo do abandono faz com que Jamie faça ameaças e chantagens emocionais. Sempre que o nó entre eles parece afrouxar, ele tem uma crise epilética ou algum agravo na saúde, fazendo com que a jovem se prenda mais a ele. Ao mesmo tempo, a relação entre Lina e Katherine, que costumava ser boa, amargou. Enquanto Lina se sente cada vez mais claustrofóbica e ressentida por gastar tanto tempo de sua vida dentro da mansão, Katherine se sente ameaçada. Para ela, há um risco real da garota lhe tomar o filho, a casa e a vida. Enquanto isso, Katherine percebe um romance florescer entre Lina e o médico de Jamie, Lawrence (Alex Hassell).

Então, conspirações, traições e reviravoltas começam a se desenrolar, mostrando o quanto a relação entre Katherine, Lina, Jamie e Lawrence é espinhosa e desconfiada. Mas as conclusões nos fazem questionar quais as reais motivações de cada um, que nunca parecem claras o bastante. As emoções de um personagem para o outro nunca são muito bem desenvolvidas. O que para os criadores é uma forma de confundir o espectador, acaba se tornando apenas alguns elementos sem sentido na trama. À título de entretenimento cai bem, mas não surpreende.


Filme: Paralisia
Direção: Nour Wazzi
Ano: 2023
Gênero: Suspense
Nota: 7/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.