Um dos últimos filmes de Bruce Willis antes da doença está na Netflix e não vai deixar você piscar por 96 minutos Divulgação / EuroVideo Medien

Um dos últimos filmes de Bruce Willis antes da doença está na Netflix e não vai deixar você piscar por 96 minutos

O início de “Fuga da Morte” ecoa a energia crua de “Duro de Matar”, evocando uma versão vintage de Bruce Willis, impondo autoridade sobre suspeitos em situações ambíguas. Mike Burns habilmente tece uma rede de familiaridade, reacendendo a paixão do público por tramas que, à primeira vista, parecem redundantes e desgastadas pelo tempo.

Embora os 96 minutos do filme navegarem por instantes que flertam com a ostentação, o roteiro de Bill Lawrence encontra seu brilho em interlúdios surpreendentes, amplificados significativamente pela entrega convicta de Willis. Este, à beira de enfrentar tribulações de saúde que viriam à tona mais tarde, oferece uma atuação restrita, porém impactante, em contraste com seus co-protagonistas mais novos. Há uma ironia palpável, quase paradoxal, em testemunhar esta emblemática força de masculinidade na tela, agora às voltas com desafios singulares, orquestrando um adeus que ressoa com a intensidade de seu carisma intrínseco.

Na cena que inaugura o filme, dois disparos prefiguram os eventos subsequentes, servindo de ponto de partida para Burns desenrolar a intricada tapeçaria narrativa. O filme flerta com a possibilidade de corrupção entre aqueles designados a proteger a comunidade, traídos por aspirações ilusórias de ascensão dentro da força policial, uma instituição que Jack Harris venera com fervor juvenil.

Este cenário é intensificado quando Shannon Mathers, interpretada com uma inocência calculada por Jaime King, tem um encontro perturbador com o lado obscuro da justiça. Em meio à serenidade da reserva natural de Easton, seus pensamentos são interrompidos por uma discussão distante. Ela testemunha um encontro tenso entre personagens de Oliver Trevena e Lala Kent, despedaçando qualquer noção preconcebida de segurança. O público é deixado no limbo, tentando desvendar a complexidade da relação revelada brevemente.

O som de um tiro, reminiscente de uma cena estilizada à la “Matrix”, dá o tom para o perigo iminente, com a personagem de King cada vez mais enredada na teia da vilania, ansiando por um herói. Aparece Harris, em uma busca resiliente, relembrando dias de glória enfrentando perigos que variavam de delinquentes juvenis a criminosos notórios. A narrativa, segmentada em capítulos, culmina no adeus cinematográfico de Bruce Willis, que transcende a narrativa e se perpetua além das telas.


Filme: Fuga da Morte
Direção: Mike Burns
Ano: 2021
Gêneros: Crime/Suspense
Nota: 8/10