Filmaço com Jon Hamm e Rosamund Pike, na Netflix, é uma aula sobre conflitos no Oriente Médio Sife Eddine El Amine / Bleecker

Filmaço com Jon Hamm e Rosamund Pike, na Netflix, é uma aula sobre conflitos no Oriente Médio

Em 2018, o diretor Brad Anderson, conhecido por sua obra “O Operário”, nos brindou com “Beirute”, um filme estrelado por Jon Hamm e Rosamund Pike. Embora as filmagens tenham ocorrido em solo marroquino, a trama se desenrola em Beirute, Líbano, no turbulento ano de 1982. Neste contexto caótico de uma guerra civil, somos apresentados a um agente da CIA que se encontra nas garras de sequestradores muçulmanos.

Mason Skiles (Jon Hamm), um ex-diplomata americano, é surpreendentemente escolhido pelos sequestradores para liderar as negociações visando à libertação de Cal (Mark Pellegrino), um indivíduo que já foi seu amigo há uma década, quando Skiles ainda representava os interesses do governo dos Estados Unidos no país. Skiles carrega consigo as cicatrizes de um passado traumático no Líbano, onde sua esposa foi brutalmente assassinada durante uma festa.

O responsável pelo sequestro de Cal é Karim (Idir Chender), irmão de Raffik (Mohamed Attougui), um notório terrorista que, durante sua infância, chegou a ser adotado por Skiles e sua falecida esposa. Este sequestro é a tentativa desesperada de Karim para resgatar seu irmão Raffik, que foi capturado pelo exército israelense. Agora, Skiles se vê obrigado a mergulhar de cabeça no turbilhão do conflito que envolve nações e facções em luta, na busca pela libertação de seu antigo amigo.

Ao retornar a Beirute, Skiles se depara com uma realidade que mal reconhece, contrastando com os tempos em que a cidade já foi o cenário de sua felicidade e prosperidade. A devastação da guerra transformou Beirute em um cenário de desolação, onde a identificação dos responsáveis por cada ato de violência se torna uma tarefa quase impossível. Sua antiga casa, outrora uma mansão calorosa, agora é apenas um amontoado de ruínas que ecoam a nostalgia de um lar perdido.

Após a trágica morte de sua esposa, a vida de Skiles sofreu uma decadência profunda. Ele trocou sua carreira diplomática por um empreendimento empresarial de pequeno porte, afundou-se no alcoolismo e afastou-se de qualquer relação significativa. Essa ruína emocional refletiu-se em sua vida pessoal e profissional, tornando-se um espelho de sua alma dilacerada. No entanto, a missão que o traz de volta ao Líbano força-o a enfrentar os fantasmas do passado, ressuscitando-o para um jogo perigoso.

À frente das negociações, Skiles demonstra que o tempo não enferrujou suas habilidades, e sua capacidade de manipular e prever as ações das partes envolvidas se destaca. Apesar de seu comportamento temperamental e tempestuoso que gera insegurança entre os agentes da CIA, ele rapidamente reafirma sua antiga reputação como um negociador exímio.

O que diferencia “Beirute” não são as cenas de ação extravagantes, tiros e explosões, mas sim a inteligência estratégica de Skiles. Ele não é um guerreiro, mas sim um negociador habilidoso em um thriller que é impulsionado por atuações memoráveis e um roteiro instigante. “Beirute” é uma experiência que irá tirar você da zona de conforto, apresentando a complexidade de negociações em um cenário de guerra e a resiliência de um homem que carrega o peso de seu passado.


Filme: Beirute
Direção: Brad Anderson
Ano: 2018
Gênero: Drama/Thriller/Guerra
Nota: 9/10