Com Gerard Butler, filme envolvente e perturbador na Netflix vai fazer você dormir com os olhos abertos Divulgação / Lionsgate

Com Gerard Butler, filme envolvente e perturbador na Netflix vai fazer você dormir com os olhos abertos

Em seus 35 anos de carreira, o renomado diretor dinamarquês Kristoffer Nyholm forjou seu nome predominantemente no universo das séries de televisão. No entanto, em raras exceções, Nyholm se aventurou nas telonas, e um desses momentos notáveis de transição ocorreu com “O Mistério do Farol”, um filme britânico lançado em 2018 que bebe na fonte de uma perturbadora história real. O roteiro, escrito por Celyn Jones e Joe Bone, tece uma narrativa envolvente e atmosférica.

O enredo do filme nos transporta para as remotas Ilhas Flannan, na costa da Escócia, onde acompanhamos a rotina de três faroleiros: Thomas, interpretado por Petter Mullan, James, por Gerard Butler, e o jovem Donald, por Connor Swindells. Cada um deles carrega sua bagagem pessoal e emocional, sendo Thomas um homem viúvo e solitário, James um experiente guardião do farol que deixou para trás esposa e filhos, e Donald, um aprendiz que busca maturidade tanto no ofício quanto na vida.

A trama se desdobra em duas partes distintas. A primeira metade nos apresenta à vida pacata e rotineira dos faroleiros enquanto enfrentam a solidão e os perigos inerentes à sua tarefa, em um ambiente inóspito, onde tempestades e monotonia andam de mãos dadas. O filme estabelece um tom leve e camaradagem entre os personagens, ainda que deixe no ar a sensação de que o inesperado espreita nas sombras.

No entanto, é na segunda metade que “O Mistério do Farol” se transforma em um thriller psicológico de rara intensidade. Um corpo, um baú e um barco destruído são os elementos que desencadeiam uma reviravolta sinistra na história. A tensão se amplifica quando Donald é encarregado de descer até o abismo e confronta um desconhecido, desencadeando um evento traumático que moldará o destino do trio.

O filme lança os faroleiros em um pesadelo de proporções claustrofóbicas. À medida que o mistério se desenrola, a ilha assume uma atmosfera assustadora, onde o real se entrelaça com o surreal e a sanidade dos personagens é testada até o limite. O enredo não se contenta em apresentar meros antagonistas e protagonistas, mas, em vez disso, pinta retratos complexos e dicotômicos, onde a linha entre anjos e demônios se desfaz.

A verdadeira ameaça, no entanto, não está apenas nos invasores que chegam à ilha, mas nas profundezas perturbadas da psique humana, onde a linha entre a realidade e a ilusão se torna tênue. À medida que a insanidade e a instabilidade emocional permeiam a narrativa, o espectador é levado por um turbilhão de acontecimentos imprevisíveis.

As atuações do elenco são cativantes e autênticas, o que contribui para a atmosfera sinistra do filme. “O Mistério do Farol” é baseado no enigmático desaparecimento dos faroleiros Thomas Marshall, James Ducat e Donald MacArthur, no início do século 20, um caso que nunca foi completamente resolvido. O roteiro, embora seja uma das várias teorias sobre o que poderia ter acontecido com esses guardiões do farol, oferece uma perspectiva fascinante sobre como a ambição e a ganância podem minar relacionamentos humanos.

No mundo real, o investigador Joseph Moore, à época, partiu para as Ilhas Flannan com a tripulação do Hesperus, após relatos de falhas na operação do farol. A situação que encontraram foi uma verdadeira calamidade, com os faroleiros misteriosamente ausentes.

“O Mistério do Farol” é um filme intrigante e envolvente que deixa o espectador perplexo e curioso. Uma trama que desafia as convenções de heróis e vilões, mergulhando profundamente na complexidade humana e no terror psicológico. Este é um thriller imperdível que mantém sua audiência na ponta do sofá, enquanto contempla as fronteiras tênues entre a sanidade e a loucura em um cenário implacável e isolado.


Filme: O Mistério do Farol
Direção: Kristoffer Nyholm
Ano: 2018
Gênero: Thriller psicológico
Nota: 9/10