O último filme da franquia de ação mais famosa da história do cinema está na Netflix Divulgação / Millennium Films

O último filme da franquia de ação mais famosa da história do cinema está na Netflix

No pulsar dos anos 1980, a menção de “Rambo” atuava como um talismã mágico, abrindo as portas para um universo paralelo saturado de aventuras e perigos. As ruas estavam repletas de crianças que, embriagadas pela ação e emoção, mergulhavam em recreações imaginárias que giravam em torno da persona imponente de Sylvester Stallone. Enquanto os adultos frequentemente se perdiam em análises cinematográficas complexas, os jovens encontravam prazer nos detalhes mais sutis, como o carismático Coronel Samuel Trautman.

Era uma época em que a simplicidade da infância nos permitia viver, mesmo que por alguns momentos, na pele de heróis icônicos, apenas para retornar à nossa realidade com os brinquedos que replicavam nossos ídolos. Essa era a essência da década de 80 para muitos meninos — viver no mundo de Rambo.

À medida que as folhas do calendário caíam, a trajetória de John Rambo tomava novos contornos. Do desajeitado combatente de “Rambo — Programado para Matar” (1982), dirigido por Ted Kotcheff, ele transformou-se, apresentando camadas emocionais mais densas a cada sequência. Desse veterano da Guerra do Vietnã, observamos sua transição para o símbolo de resistência contra a opressão em “Rambo 2 — A Missão” (1985) de George P. Cosmatos.

Esta narrativa nos apresentou um Rambo reinventado, ostentando sua icônica faixa vermelha, enquanto navegava pelas complicadas geopolíticas do Afeganistão, desafiando adversários russos e tentando resgatar o sempre cativante Coronel Trautman. “Rambo 3” (1988) de Peter MacDonald nos ofereceu uma janela perspicaz, embora hollywoodiana, dos crescentes atritos dos EUA no centro da Ásia. Avançando no tempo, “Rambo IV” (2008), apoiado pelo investimento de Stallone, trouxe um Rambo mais introspectivo, mas ainda embalado em ação, enfrentando dilemas morais na Tailândia e em Myanmar.

Em “Rambo: Até o Fim”, dirigido por Adrian Grunberg, mergulhamos uma vez mais nas profundezas do universo Rambo, onde o heroísmo e a tragédia coexistem. A narrativa nos apresenta um Rambo introspectivo, buscando refúgio em momentos de quietude, apoiado em medicações que mantêm à distância os fantasmas de suas batalhas passadas.

O elo emocional com sua sobrinha, Gabrielle, e o dever familiar trazem o veterano de volta à ação quando ela se encontra em perigo nas mãos de traficantes inescrupulosos. Este capítulo ressoa ecos de clássicos como “Taxi Driver” (1976) e nos faz questionar: mesmo quando o mundo muda, o espírito indomável de Rambo permanece inabalável. E, enquanto Hollywood continua a escrever e reescrever suas sagas, esperamos que este guerreiro intemporal continue a encontrar causas pelas quais valha a pena lutar. E que ele possa fazê-lo com a mesma paixão que cativou gerações. Porque, afinal, o mundo sempre precisará de seus heróis, mesmo que sejam fictícios.


Filme: Rambo: Até o Fim
Direção: Adrian Grunberg
Ano: 2019
Gêneros: Ação/Faroeste
Nota: 9/10