Vencedor do Oscar, filme polêmico na Netflix fez as pessoas se agredirem nas salas dos cinemas Divulgação / Focus Features

Vencedor do Oscar, filme polêmico na Netflix fez as pessoas se agredirem nas salas dos cinemas

Vencedor do Oscar de melhor roteiro original, “Bela Vingança” foi escrito e dirigido pela também atriz Emerald Fennell e lançado em 2020. No enredo, Carey Mulligan desempenha o papel de Cassandra, uma jovem de trinta anos que mora com seus pais, trabalha em uma cafeteria, e notavelmente, passa boa parte das noites frequentando bares, se vestindo de maneira insinuante e simulando embriaguez. O desfecho dessas noites a conduz à residência de homens que acreditam poder explorar sua suposta vulnerabilidade para satisfazer seus desejos carnais. O propósito de Cassandra, no entanto, transcende a mera diversão.

A medida que a trama se desenrola nesse filme de gênero tragicômico, permeado por elementos de um thriller com humor sombrio, somos gradualmente revelados às motivações que impulsionam Cassandra. Uma ex-aluna de medicina, dotada de potencial intelectual e um futuro promissor, mas que abandonou todos esses horizontes após o trágico falecimento de sua melhor amiga e colega de faculdade, Nina, que morreu após sofrer um estupro enquanto estava alcoolizada em uma festa universitária.

No entanto, a vida de Cassandra parece tomar um novo rumo quando reencontra um antigo colega, Ryan (Bo Burnham), que nutre sentimentos por ela e se apresenta como alguém diferente dos homens que cruzaram seu caminho anteriormente. Cass acredita que, com o início desse novo romance, poderá finalmente deixar o passado para trás. Ryan, médico pediatra, aparentemente respeitoso, apaixonado e ético, fazendo com que Cass considere encerrar sua busca por vingança.

No entanto, um vídeo inesperado, revelado por uma antiga amiga, Madison (Alison Brie), desencadeia uma reviravolta. O vídeo, desconhecido por Cass, mostra o momento da violência sexual sofrida por Nina. Sem seu conhecimento, as imagens viralizaram pela faculdade. Essa descoberta reacende o ímpeto vingativo de Cassandra, que agora busca justiça contra o algoz de sua melhor amiga, um médico de sucesso, respeitado pela sociedade e prestes a se casar, sem jamais ter enfrentado as consequências de suas ações passadas.

Idealizadora desse projeto inusitado e extremamente político, Emerald Fennell é conhecida por sua interpretação de Camila, na série “The Crown”, e por sua contribuição na elaboração de seis episódios da segunda temporada de “Killing Eve”. “Bela Vingança” surpreende por seu enredo envolvente e um desfecho imprevisível, marcando não apenas a estreia de Fennell na direção de um longa-metragem, como também a primeira indicação ao Oscar de uma diretora estreante.

O enredo e o título original do filme “Young Promissing Woman” foram inspirados em acontecimentos reais. Em 2016, um aluno da Universidade de Stanford, chamado Brock Turner, foi condenado por agressão sexual. No entanto, sua pena foi de apenas seis meses de prisão devido ao juiz considerá-lo um “jovem promissor”.

Antes de sua estreia oficial no Festival de Sundance, Fennell o exibiu em algumas salas para observar as reações das pessoas em cenas que considerava mais polêmicas e pesadas. Ela chegou a presenciar pessoas se agredindo durante a exibição porque discordavam sobre o teor do conteúdo, o que ela jamais esperava.

Carey Mulligan é uma atriz de destaque que já brilhou em produções como “O Grande Gatsby”, “Não Me Abandone Jamais”, “Drive” e “Shame”. Por “Bela Vingança”, ela disputou sua segunda indicação ao Oscar de melhor atriz. A primeira foi em “Educação”. No filme de Fennell, Mulligan assume seu protagonismo com maestria, entregando uma atuação cheia de sarcasmo, ressentimento e autoconfiança. Sua Cass pega de jeito a atenção do espectador do início ao fim.


Filme: Bela Vingança
Direção: Emerald Fennell
Ano: 2020
Gênero: Policial/Drama/Mistério/Comédia
Nota: 10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.