Você pode ter várias críticas a Quentin Tarantino, um dos maiores e mais controversos cineastas da atualidade, mas não pode negar seu riquíssimo conhecimento cinematográfico. Ele nunca escondeu suas referências e aplica homenagens às suas obras favoritas em seus próprios filmes. Um fã do mainstream, Tarantino simplesmente não escondeu que amou “Top Gun: Maverick” e não resiste às comédias românticas. Mas seu gênero predileto, é claro, é o horror. Isso fica muito óbvio em seus trabalhos apinhados de violência explícita, muito sangue e linguajar impróprio.
Entre seus filmes modernos favoritos, estão “West Side Story”, do grandioso Steven Spielberg, “A Rede Social”, de David Fincher, e, acredite ou não, “Predadores Assassinos”, lançado em 2019. Por que digo para acreditar ou não? Porque este último filme está longe de ser um sucesso de bilheterias e ganhador de prêmios. Com um orçamento singelo de 13 milhões de dólares, o filme dirigido por Alexandre Aja e escrito por Michael Rasmussen e Shawn Rasmussen se equipara a uma produção independente.
Com Kaya Scodelario no elenco, ela é provavelmente o nome mais conhecido dos créditos, que também conta com Barry Pepper. São apenas os dois praticamente pelos 90 minutos de filme. Quer dizer, de humanos. Há algumas pequenas aparições de outros personagens, como Morffyd Clark, que surge em uma videochamada, e Ross Anderson que dá as caras durante curtas cenas. Fora isso, Scodelario e Pepper dividem tela apenas com a cadelinha que interpreta Sugar e alguns jacarés feitos em CGI (e de qualidade duvidosa). As passagens de inundação foram gravadas basicamente em um tanque de água.
O enredo gira em torno de Hailey (Scodelario), uma nadadora profissional que, a pedido da irmã, vai até a casa do pai, Dave (Pepper), em uma cidade vizinha para checar se ele está bem. É que um furacão está a caminho e Dave simplesmente não atende o celular, deixando as duas filhas angustiadas. Ele se separou recentemente da mãe das duas jovens e não parece emocionalmente bem. Quando Hailey chega no apartamento do pai, encontra diversas fotos da família esparramadas pelo lugar, além de antidepressivos e a cachorrinha, Sugar. Não há sinais de Dave pelo local. Então, ela decide ir até a antiga casa da família, que está à venda, para checar se ele passou por lá.
Hailey está na companhia da cadelinha Sugar que a ajuda a seguir rastros de seu pai pela casa. Então, objetos deixados pelo caminho indicam que ele desceu até o porão. Hailey decide procurá-lo e se depara com mais sinais de sua passagem pelo lugar, além de marcas de sangue. O que ela não imagina é que o porão está infestado de jacarés assassinos.
Ela encontra o pai ferido e, juntos, eles ficam horas escondidos dos predadores que pretendem devorá-los. Tentando a todo custo sair do porão, pai e filha passam momentos de tensão, medo e muito perigo. Dave e Hailey tentam escapar da morte, enquanto as circunstâncias parecem cada vez mais desfavorecê-los. Logo o furacão chega, inundando a casa e fazendo com que as barragens da cidade se rompam. A sobrevivência se torna cada vez mais complicada.
Durante o decorrer das cenas, os espectadores se deparam com muito sangue e situações absurdamente mentirosas. E é exatamente esse exagero cinematográfico que conquistou Tarantino: transformar o completo delírio em realidade, transportando o público para dentro de uma história agonizante e extrema de sobrevivência. O grande feito é conseguir despertar todas as emoções e sensações nos espectadores sem muitos recursos.
Filme: Predadores Assassinos
Direção: Alexandre Aja
Ano: 2019
Gênero: Terror/Ação/Aventura
Nota: 7/10