“Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito.” Amizade: palavra abstrata, porém concreta em sua essência. Tema extremamente caro para todos nós. Entretanto, antes de entrar em seu mérito, confidencio quem foi o meu grande amigo — aquele que me fez compreender o seu verdadeiro valor. A resposta é simples: eu sou o meu melhor amigo! Cheguei a essa conclusão quando descobri que ficar a sós comigo mesmo era extremamente gratificante.
Tudo começou quando eu e mais dois amigos alugamos um apartamento próximo à faculdade. Nos finais de semana, ambos iam para suas cidades de origem. Assim, todo aquele palácio de 40 m² era meu. Melhor, a varanda era minha! Sábado, era o dia escolhido para curtir meu reinado. Desse modo, rumo à preciosa sacada, carregava o essencial: uma cadeira, dois litros de vinho e um aparelho de som. Com uma precisão cirúrgica, escolhia cada música para desfrutar daquele momento. O mesmo sentia quando degustava o vinho “três b” (bom, bonito e barato). Das 16 às 22h eu era — sem dúvida — uma das pessoas mais felizes do universo.
Minha primeira lição: Quer ser feliz? Aprenda a desfrutar de sua companhia.
Conhecimento é algo que me fascina. A história da busca por ele é a história da busca pela verdade. Só fui entender tal conceito quando descobri que as respostas para a maioria das minhas perguntas estavam dentro de mim.
Nossas experiências enriquecem os nossos caminhos. Contudo, só descobriremos quando mente e corpo se tornarem grandes amigos. Detalhe: respeite o seu tempo. Não se apresse para ser o seu melhor amigo nem seja um Kamikaze de si mesmo. Somos humanos! E, como humanos, precisamos de tempo para aceitar novos valores, novos caminhos. Sem saber, hoje compreendo que aquela minúscula varanda foi palco das mais fascinantes descobertas. Resumindo: quando me conheci, aprendi a valorizar melhor as coisas do mundo. Aprendi sobre amor, aprendi sobre compaixão, aprendi sobre a simplicidade — valorizar o simples —, que lá na frente se tornará eterno. Seguramente, a melhor das lições!
Pronto! Esse foi o relato, digamos, filosófico. Muitos devem estar se perguntando: a experiência dele surgiu do prazer de se autoconhecer ou do prazer que o vinho “três b” lhe proporcionou? Sinceramente, respondo que todos os fatores foram determinantes para tornar as minhas tardes de sábados o meu nirvana pessoal. Só uma ressalva: o vinho tem seus encantos! Lado A: fazer amizade consigo mesmo lhe proporcionará um resultado simples/fascinante: ser feliz! Lado B: quais as consequências? Ganhar um bônus da vida! Este bônus cria a oportunidade de abrirmos espaços para novas experiências, novos rumos que podemos seguir. Inclusive, o de fazer novos amigos. Estamos prontos para isto! Até porque, amigos, em sua essência, são assim: um fagulha de luz que nos guia na escuridão, suprindo nossas limitações. Em vista disso, abrimos espaço não por necessidade de colecionarmos amigos, mas pela oportunidade de fazermos novos amigos. “Um amigo é alguém com que estivemos desde sempre.” Aprenda a valorizar quem lhe valoriza. Claro, começando por si próprio!
“Casa arrumada (interior revigorado).” Alguém bate à porta. No corredor, tenho a sensação de que a noite será boa. Abro a porta, dou boa noite! Recebo — sem cerimônia — a alegria, a risada, a filosofia barata, o papo cabeça, o choro… Enfim, recebo toda a harmonia que pode ser colocada dentro da palavra felicidade. Detalhe: a felicidade chegou disfarçada de amigos!