A tecnologia avançou demais, mesmo assim as comunicações estão cada vez mais lentas. O caso mais conhecido é o do futebol: você está vendo o jogo na sua televisão super-mega-digital-plus-blaster e aí de repente escuta o grito de um gol. É o porteiro do prédio que está ouvindo o jogo no radinho de pilha, mas que fica sabendo do gol quase um minuto antes de você, seu moderno de merda!
Hoje, se você quiser ter notícia de alguém, o que você faz? Manda uma mensagem de whatsapp para a pessoa. Ela vai demorar uma hora ou mais para ver a sua mensagem e responder. E você vai demorar outra hora ou mais para saber que a pessoa respondeu e provavelmente a resposta será um polegar para cima. Ou seja, detalhes nem pensar.
Aí você pergunta pelos detalhes e mais duas horas se passam até vir a resposta. Isso porque por algum motivo ainda não explicado ninguém mais usa o celular para telefonar, é quase proibido, talvez seja até pecado. Antigamente sem ter alternativa você telefonava e quando a outra pessoa atendia você conseguia saber na hora tudo o que queria saber. Simples, rápido, prático. Telefonar é um verbo que está até em desuso e para você que não entendeu eu explico de uma maneira moderna: é o ato de usar o telefone celular para falar em tempo real com outra pessoa.
Tecnologia muitas vezes atrasa a parada. Como num elevador ultramoderno de um hotel em que me hospedei antes da pandemia. Você entrava na cabine, digitava o seu andar e então vinha a novidade: Você ainda tinha que teclar “enter” no mostrador. Ou seja, aqueles elevadores do passado, velhos e atrasados, em que se apertava apenas botão para que o elevador fosse até o andar que você queria, devem estar com os dias contados.
Eu tenho uma cacetada de fotos antigas, todas em papel, algumas coladas em álbuns, mas isso só vale até o advento da máquina digital. A partir daí eu sei que as fotos estão todas no celular ou no computador. Mas vai achar! Em que computador elas estão mesmo? Ih, estavam naquele celular que eu troquei! Ferrou! Cada vez que uma nova revolução acontece na informática, lá se vão embora os arquivos antigos, e o pior é que as revoluções acontecem a cada três meses.
Agora, a mais nova revolução que chegou é a do 5G. Mais uma vez ouvimos milhões de promessas de melhoria de vida. Tudo vai ser foda, tudo vai ser mais rápido, incrivelmente acelerado. Além da possibilidade de postar dancinhas no TikTok, piratear séries e divulgar fake news em tempo recorde, o 5G também vai propiciar a chegada da internet das coisas. Carros autônomos, ônibus sem motoristas, aviões sem pilotos, geladeiras e torradeiras inteligentes, a gente nem mais vai lembrar de como eram as coisas quando não funcionavam sozinhas.
Dizem que esse tal de 5G já chegou no Brasil, mas pelo jeito, ainda está na alfândega, tentando liberar as bagagens. Eu ainda não o vi funcionar, por enquanto ainda é um 4G metido a besta, as vezes até um 3G marrento. E pela nossa experiência brasileira, até que o 5G funcione de verdade por aqui, a incrível internet das coisas será apenas a nossa velha e conhecida internet nas coxas.