Na intrincada trama das emoções humanas, que tem sido um intrigante objeto de estudo e reflexão ao longo dos tempos, o filme “Escobar — A Traição” se destaca. Desafios da paixão, enigmas da mente e a incessante busca por compreensão moldam a jornada humana. Muitos, ao se recolherem no silêncio introspectivo de seus quartos, acabam por se confrontar com uma realidade impactante: nossa natureza, em sua essência, não é sempre condizente com as normas da cortesia e etiqueta social.
Sonhamos frequentemente com o inatingível, com o que nos parece ser um desafio à nossa capacidade, e ironicamente, negligenciamos oportunidades que estão à nossa porta, simplesmente porque não possuem o brilho do desconhecido ou o perfume do proibido. Nosso cérebro, esse órgão maravilhoso e misterioso, é um turbilhão constante de pensamentos e desejos, que frequentemente nos embriaga com miragens de felicidade e realizações. É comum nos vermos, em momentos introspectivos, revirando as gavetas da memória, buscando algum sinal de tempos mais felizes, ou até mesmo antecipando possíveis futuros.
Virginia Vallejo, uma mulher audaz e de espírito livre, optou por mergulhar em um universo onde poucos ousariam adentrar. Em “Amando Pablo, Odiando Escobar”, ela descreve, com riqueza de detalhes e perspectivas, seu romance tumultuado e arrebatador com Pablo Escobar, um homem que não só desafiou os limites sociais e legais, mas também redefiniu os paradigmas do poder e da riqueza. Sua história, recheada de paixão, perigo e dilemas éticos, serve como um espelho para os extremos da condição humana.
Contudo, não são apenas as memórias escritas de Virginia que trazem à tona essa narrativa fascinante. A magia do cinema, em sua capacidade de capturar e amplificar histórias, dá vida à saga de Vallejo e Escobar. A produção, meticulosa em detalhes e fiel em sua adaptação, faz um trabalho esplêndido em transpor para a tela a complexidade das relações e conflitos da trama.
O elenco merece destaque não apenas por seu talento, mas pela dedicação em representar personagens tão multifacetados. Penélope Cruz, com uma atuação que transita entre a força e a vulnerabilidade, interpreta Vallejo de maneira magistral, tornando palpáveis seus conflitos internos. Do outro lado, temos Javier Bardem, que, em uma transformação notável, personifica o enigmático e carismático Escobar. Ambos, com performances de tirar o fôlego, reafirmam sua posição no panteão das estrelas do cinema contemporâneo, mergulhando fundo nos papéis e entregando atuações memoráveis.
Filme: Escobar — A Traição
Direção: Fernando León de Aranoa
Ano: 2017
Gêneros: Drama/Biografia
Nota: 9/10