Você não assistiu, mas deveria: filme com Ana de Armas e Tye Sheridan na Netflix vai te perturbar Divulgação / Convergent Media

Você não assistiu, mas deveria: filme com Ana de Armas e Tye Sheridan na Netflix vai te perturbar

Desde os albores da civilização, a insanidade tem tecido sua teia, uma presença constante e enigmática que toma diversas formas. No filme “O Recepcionista”, essa complexa tessitura da mente humana é explorada de maneira envolvente. O ser humano, subjugado pelo crescente peso de desafios avassaladores e dilemas existenciais, enfrenta, por vezes, um declínio gradual da sanidade. Em outros momentos, o desequilíbrio o surpreende de forma abrupta, sendo o ápice de uma existência tumultuada, marcada por momentos decisivos e encruzilhadas.

Ao nos permitirmos mergulhar nas sombrias e misteriosas profundezas de nosso ser, caminhamos sobre um fio de navalha, correndo o risco de nos perdermos no labirinto de nossa própria psique. A fronteira entre a realidade concreta e a ilusão torna-se tênue e obscura, revelando um território mágico e ao mesmo tempo tumultuado, onde sonhos e pesadelos coexistem.

Em tal dimensão, a vida ganha os matizes de um pesadelo surreal, onde memórias tortuosas e lembranças sombrias projetam sombras sobre nossa tênue aderência à razão.

Contudo, mesmo na escuridão, surge uma beleza oculta e quase etérea, que muitas vezes escapa à nossa percepção. Paradoxalmente, esta beleza pode transformar-se em uma armadilha sedutora. O encanto pode ser descoberto até nas miragens mais efêmeras.

Na complexa tapeçaria da existência, em momentos de introspecção, permitimo-nos sonhar, criar utopias ou nos perder nas marés agitadas de pensamentos intrincados. No entanto, quando as tempestades mentais nos atingem em pleno vigor, a escuridão pode se instalar, ofuscando qualquer faísca de luz.

Imagine a trajetória de um jovem buscando firmar-se nos Estados Unidos, terra de grandes contrastes, onde sonhos de prosperidade frequentemente colidem com a realidade crua. Tudo segue o ritmo usual, até que sua saúde mental o posiciona sob o escrutínio de um detetive astuto.

Michael Cristofer habilmente desvenda essa trama em “O Recepcionista”, evidenciando a loucura sutil, mas constante, que direciona um caminho introspectivo e solitário.

Tye Sheridan oferece uma atuação notável ao encarnar Bart Bromley: um americano comum, mas profundamente complexo. Sua condição autista, juntamente com as escolhas que faz para lidar com suas limitações sociais — como instalar câmeras nos quartos do hotel —, aprofunda a narrativa. Ana de Armas, radiante em sua atuação, dá vida a Andrea Rivera, uma femme fatale portadora de segredos enigmáticos. Seus mistérios e o amor não correspondido por Bart impõem sobre ele um peso emocional imenso.


Filme: O Recepcionista
Direção: Michael Cristofer
Ano: 2020
Gêneros: Drama/Crime
Nota: 9/10