Nós sempre acreditamos que o amor é um sentimento sublime capaz de aproximar as pessoas. Encontrar o amor é como desvendar uma cura para a alma. Em “Love Will Tear Us Apart”, canção mais famosa da banda inglesa Joy Division, Ian Curtis canta que amor também é capaz de separar os amantes. E ele não estava errado. “O Que Será do Amor?”, drama romântico filipino dirigido por Manny Palo e escrito Mike G. Rivera, é exatamente sobre isso.
Com um enredo no qual podemos facilmente nos identificar, o filme, assim como a música de Joy Division, fala sobre como a rotina, os ressentimentos, as nossas falhas e as ambições diferentes de cada um para a vida podem afetar irreparavelmente uma relação a dois. Billie (Alessandra De Rossi) e Jecs (JM De Guzman) é um casal de músicos que após um namoro apaixonado, em que compartilhavam momentos musicais criativos e íntimos, decidiu se casar.
Agora, isolados em uma tempestade durante sua lua-de-mel na Ilha Panglao, eles são confrontados pelos problemas da vida real. O casal é arremessado de sua nuvem de algodão para um solo de pedras duras e cinzentas. O paraíso dura pouco para a dupla que se vê confrontada por problemas grandes demais.
Ainda durante o namoro, Billie descobriu que não podia engravidar, devido a um defeito em seus ovários. Ela expôs a situação para Jecs, que tentou oferecer tratamentos e alternativas para que o casal tivesse seus próprios filhos. Decidida, Billie disse que não desperdiçaria seu tempo e suas expectativas em tentativas que pudessem não dar certo. Ela ainda deu espaço para que Jecs refletisse se realmente queria continuar em um relacionamento com ela.
Mesmo após essa conversa decisiva e importante, Jecs a pede em casamento, porque acredita que o amor que sente por Billie é maior que suas diferenças. O problema é que ele está convencido de que sua mulher poderá mudar de ideia com o tempo e que eles poderão recorrer a alternativas.
Enquanto um tufão faz estragos pela costa filipina, o casal compartilha dias isolados em sua cabana beira-mar. O tempo compartilhado juntos fazendo pouca coisa é suficiente para despertar mágoas e ressentimentos e trazer lembranças dolorosas do passado.
Para piorar, a mãe de Jecs liga diariamente para pressionar o casal a ter um filho. Embora a situação magoe Billie, Jecs sempre se posiciona em favor da mãe, colocando a própria esposa em um conflito interno doloroso. Diante dos problemas inconciliáveis, Billie decide partir, mas uma tragédia está prestes afetá-los de forma definitiva.
Há uma sensibilidade e uma delicadeza de Palo em abordar os problemas de convivências entre casais e mostrar como cada indivíduo é afetado por sua própria bagagem, traumas, cultura e experiências de vida. O amor nunca é a cola que vai manter os casais juntos. É apesar do amor, que descobrimos o que é capaz de nos manter unidos ou não.
O filme de Manny Palo tem quase duas horas de duração. As discussões repetitivas e intermináveis entre Billie e Jecs podem ser dolorosas demais para quem se identifica ou simplesmente entediantes. Os flashbacks tentam driblar a monotonia do enredo que não tem muita dinâmica, afinal, o casal está preso em um lugar, lidando apenas um com o outro e com seus problemas. A melhor alternativa teria sido usar diálogos ricos e complexos, habilidade dominada por Richard Linklater na série de filmes de “Antes do Amanhecer”, mas que Mike G. Rivera não conseguiu demonstrar neste drama. Por outro lado, a fotografia se ocupa de capturar os cenários paradisíacos da ilha, alimentando nossos olhos durante a exibição.
Filme: O Que Será do Amor?
Direção: Manny Palo
Ano: 2023
Gênero: Drama/Romance
Nota: 7/10