Zéu Britto e seu ministério da alegria, da esperança e da poesia Foto / Divulgação

Zéu Britto e seu ministério da alegria, da esperança e da poesia

Tivesse o Brasil um ministério da alegria, da esperança e da poesia, não haveria nome mais perfeito para a pasta que Zéu Britto. Sua música desde sempre é um sacerdócio bonito a serviço de alegrar e enfeitar a vida. Sua presença em nossa época é um presente caro e gracioso a quem ainda acredita que viver vale a pena. A beleza de sua poesia nos salva e nos cura de tudo que é feio neste mundo e nos outros. Em matéria de alegria, de esperança e de poesia, Zéu já nasceu autoridade.

Pensando bem, não carece ministério, não. Zéu Britto não caberia em gabinetes e palanques, tal qual sua arte não se enquadra em políticas e editais. Ela se esparrama indomável e resoluta pela vida, inunda as ruas de belezas, as casas de afetos, os corações de festa.

Sem Concerto
 Sem Concerto, de Zéu Britto

Seu disco mais recente, “Sem Concerto”, gira infinito em minha vitrola imaginária desde que veio ao mundo, em 2022. São cinco canções e dois poemas declamados, tudo de autoria de Zéu, bonito e brilhante que só ele. Poesia pura e simples, leve e forte feito simpatia de avó benzedeira que reza sorrindo, a farra amorosa dos cachorros reencontrando seus donos, a gargalhada dos bebês. Um disco rápido e risonho feito um passeio gostoso, breve e formoso como uma vida longa que vale a pena.

Zéu Britto é um cantador popular, um andarilho cantante, um valioso poeta musical. Seus espetáculos são desde sempre livres celebrações amorosas ao ofício sublime e espantoso de vivermos em paz uns com os outros. Seus versos chegam até nós ensopados da esperança firme de que tudo há de ser melhor amanhã e sempre.

A beleza do ofício de Zéu é tão leve que viaja no vento até o céu e nos aproxima de Deus como nenhuma religião. Sua música nos leva a um lugar bonito e nos põe a salvo de toda maldade, a nossa e a dos outros, como se em sua companhia voltássemos a ser os primeiros seres da Terra.

Meu amor por sua arte bela e profunda é antigo e minha gratidão por sua existência é total. Ahh, tivesse o mundo um conselho internacional da alegria, da esperança e da poesia, não haveria melhor nome para presidi-lo que o de Zéu Britto. Viva Zéu!

André J. Gomes

É professor e publicitário.