Baseado em bestseller que vendeu 20 milhões de exemplares, romance no Prime Video vai te emocionar Divulgação / New Line Cinema

Baseado em bestseller que vendeu 20 milhões de exemplares, romance no Prime Video vai te emocionar

Desde o lançamento de “A Culpa é das Estrelas” em 2014, o cinema desenvolveu um novo subgênero para as comédias românticas. Essa nova categoria narra basicamente histórias de casais apaixonados em que um deles sempre tem uma grave doença e morre no final. Roteiros que deveriam ser surpreendentes e nos fazer derramar muitas lágrimas tornam-se, com o passar do tempo, repetitivos e sem profundidade.

“Como Eu Era Antes de Você” não é diferente. O romance narra a história de Louisa Clark (Emilia Clarke), uma jovem espirituosa, gentil e comunicativa de origem simples. Louisa acaba de ser demitida do restaurante onde trabalhava e está à procura de um novo emprego. Depois de muita busca, ela finalmente encontra o lugar perfeito: não exige experiência profissional, fica perto de sua casa e paga bem. Clark se sai bem na entrevista de emprego e é contratada imediatamente.

Sua função é cuidar de William Traynor (Sam Claflin), um homem rico e poderoso que sofreu um acidente e tornou-se tetraplégico. Will era bem-sucedido profissionalmente, desejado e ambicioso. Mas, após o trágico incidente, tornou-se depressivo, cínico e mal-humorado.

Louisa é incumbida da difícil tarefa de reconstruir a autoestima de Will e tornar sua vida mais leve e feliz novamente. Mesmo com certa dificuldade no início, ela consegue se aproximar cada vez mais de Will e, aos poucos, vai amolecendo sua rigidez.

Simultaneamente, Clark vive um relacionamento com Patrick (Matthew Lewis), mas está infeliz. O rapaz não a compreende verdadeiramente e está muito ocupado dedicando sua vida à corrida. Quando começa a trabalhar na casa de Will, Louisa amplia seus horizontes e tem acesso a um universo ainda inexplorado por ela.

Louisa e Will encontram um no outro aquilo que lhes faltava. Clark proporciona a William uma vida mais alegre e divertida, desafiando-o diariamente a experimentar coisas novas e ter ânimo para enfrentar as adversidades. Will, por sua vez, oferece a Louisa seu vasto conhecimento e proporciona-lhe experiências nunca vividas, além de se preocupar verdadeiramente com seu bem-estar e felicidade.

Em um dado momento da trama, Louisa descobre que William está planejando desistir de seu tratamento e deixar-se sucumbir à doença. Isso explica o desespero da Sra. Traynor em encontrar uma cuidadora o mais rápido possível. Louisa é sua última esperança; ela precisa fazê-lo mudar de ideia.

Ao perceber a situação em que se encontra, Clark decide fazer de tudo para mostrar a Will que a vida vale a pena ser vivida. Louisa e Will vivem diversos momentos únicos e inesquecíveis juntos, como a primeira vez que Louisa assistiu a um concerto musical, sua primeira aposta em uma corrida de cavalos, e até o desafio de conhecer mais sobre o curioso gosto cinematográfico de Will.

Indubitavelmente, Will compreende Louisa. Ele enxerga seu potencial para se tornar uma mulher independente e bem-sucedida, acha divertido seu gosto peculiar por moda e ainda a incentiva a realizar seus sonhos. Ele tinha tudo que ela desejava em um parceiro.

É nítido que os dois já criaram uma forte conexão e estão apaixonados, e quando tudo parece estar bem, Will recebe em sua casa uma pessoa para conversar sobre seu testamento. Quando Louisa percebe que Will não desistiu de sua ideia, fica devastada e decide dedicar-se totalmente a ele.

Para piorar ainda mais a situação, depois de uma ida a um casamento, Will é afetado por uma bactéria que compromete seus pulmões e o faz ser internado no hospital. Com todos os últimos acontecimentos, Clark ainda tem esperança de convencê-lo a viver; então ela decide terminar com seu namorado e fazer uma viagem paradisíaca com William.

Sem dúvida, o que mais me incomoda no filme é o fato de Louisa abdicar de toda sua vida para estar com Will, mesmo sabendo que ele não quer viver. O rapaz está depressivo e não consegue entender que sua vida pode ser boa novamente. Ele se convenceu de que sua vida era melhor antes do acidente e ninguém consegue mudar sua opinião. Will já tomou sua decisão; ele realmente vai desistir de tudo.

A grande problemática da narrativa é a romantização de tudo isso. O amor que eles sentiam um pelo outro se torna banal; toda a dedicação que Louisa teve durante tanto tempo não vale de nada, e o pior: o suicídio é glamourizado.

Jojo Moyes, a autora do livro que inspirou o filme, transmite a mensagem de que o suicídio é algo belo. Desistir da vida é poético e emocionante, e mesmo depois de ser usada durante todo esse tempo, Louisa não se importa e ainda se dá ao trabalho de viajar até a Suíça para vê-lo entregar-se à morte.

Não julgo as motivações de William, mas a maneira como o suicídio é tratado aqui não promove reflexões sobre saúde mental e não busca aprofundar o emocional do personagem. Ele simplesmente decide se matar e está tudo bem. Depois de tudo, ainda deixa uma carta para Louisa dizendo que sempre a amará e nunca a esquecerá.

A história não comove e não emociona porque não é possível sentir uma reciprocidade genuína no casal. Além disso, o filme ainda aborda a saúde mental e o suicídio de forma problemática e irresponsável, colocando a mulher em uma posição de eterno serviço ao homem, abdicando de sua própria vida para tentar salvá-lo.

Em conclusão, o longa mostra um romance fofo entre um casal apaixonado. O filme é leve, divertido e agradável, e por isso vale a pena ser assistido como forma de entretenimento.


Filme: Como Eu Era Antes de Você
Direção: Thea Sharrock
Ano: 2016
Gêneros: Romance/Drama
Nota: 6/10