Deixando a procrastinação para depois 

Deixando a procrastinação para depois 

Procrastinação é uma palavra muito injusta para o que significa. Quem fica adiando as tarefas importantes, quer ficar sem fazer porra nenhuma e não merece ter que falar procrastinação, uma palavra enorme e cheia de encontros consonantais difíceis de se pronunciar.

Antes de escrever esse texto, eu estava enrolando, adiando o começo da escrita, até que me perguntaram:

— O que você está fazendo?

— Eu estou aqui pocrasti… procasti… procratris… Ah, foda-se! Vou escrever logo esse texto!

A palavra procrastinação é muito maior e mais imponente do que seria necessário para indicar o que ela significa, alguém que adia, retarda, atrasa ou prorroga as suas tarefas. Procrastinar parece até ser uma coisa muito ruim, algo até ilegal. Um sujeito que é um procrastinador pode muito bem ter feito algo terrível, até cometido um crime! A gente não acharia nem um pouco estranho se um criminoso fosse preso por ser estelionatário, latrocida e procrastinador.

— Meu Deus! Ainda por cima é procrastinador!

— Onde é que vamos parar?

E mais: Se a procrastinação fosse mesmo crime, certamente seria um crime culposo. Porque a culpa por não fazer a tempo a tarefa sempre chega. Quase nunca a procrastinação é um crime doloso, mas muitas vezes é doloroso. Principalmente quando o procrastinador acaba perdendo dinheiro por não entregar o trabalho a tempo.

E tem uma categoria muito especial, a do sujeito que se gaba de ser um procrastinador e ainda é capaz de falar:

— Eu sou um procrastinador contumaz!

Esse cara prefere queimar os seus neurônios para falar essa expressão complicadíssima a gastar o seu tempo fazendo o que deveria fazer.

Eu mesmo tinha agora que terminar esse texto, mas como eu também sou um procrastinador contumaz, eu acho que…