O filme inspirador que acaba de chegar na Netflix e que é uma terapia para a alma e um remédio para o coração Divulgação / Miraj Films

O filme inspirador que acaba de chegar na Netflix e que é uma terapia para a alma e um remédio para o coração

“Uma Confeitaria para Sarah” é um drama adocicado cuja protagonista não se chama Sarah. Na verdade, Sarah nem existe mais, embora seja uma presença que paira em todos os lugares e na vida de todos. Clarissa (Shannon Tarbet), Isabella (Shelley Conn) e Mimi (Celia Imrie) estão em estágios diferentes de suas vidas. Cada uma solitária e frustrada à sua maneira, mas elas se unem para abrir uma confeitaria, que era do sonho de Sarah, ao que ouvimos, uma chef visceral, dedicada e apaixonada.

Sarah morreu. Sua partida deixou uma vacância na vida de sua mãe, Mimi, de sua filha, Clarissa, e sua melhor amiga, Isabella. Os danos foram enormes e as três estão afastadas por um longo período, aparentemente. Ficou um silêncio intragável e um nó górdio preso permanentemente em suas gargantas.

Mimi é uma ex-artista circense que abriu, no passado, sua própria companhia e rodou o mundo com suas acrobacias. Independente e inspiradora, ela tem dificuldades em confrontar fracassos. Por isso é tão difícil quando a confeitaria, em sua primeira semana de abertura, dá um público tão pequeno que sequer paga as próprias despesas.

Naturalmente empreendedora, ela percebe que o que falta no negócio é a identidade multicultural de Londres. Então, ela de decide que o menu precisa incluir receitas de diferentes lugares do mundo que façam as pessoas que vivem na capital inglesa, a maioria estrangeiros, se sentirem em casa.

Então, o trio, com ajuda do confeiteiro Matthew (Rupert Penry-Jones), empreendem uma força-tarefa para descobrir e aprender a cozinhar doces de variadas partes do globo. Enquanto lutam para se manter nos primeiros anos de negócio, o trio confronta mágoas e dores do passado, Clarissa tenta descobrir quem é seu pai biológico e elas encontram harmonia em meio a uma história longa, trágica e desafinada.

Longa-metragem de estreia de Eliza Schroeder, que coescreveu o roteiro com Jake Brunger e Mahalia Rimmer, esse drama delicado e suave aborda a forma como as pessoas lidam com o luto e também como mulheres são inspiradas por outras mulheres de sua vida. Para Schroeder também funcionou assim. Ela dedica o filme à sua mãe, Sonja, que faleceu durante as gravações, e explora a dinâmica geracional entre as mulheres de sua história baseada na própria família. A personalidade de Mimi, por exemplo, é inspirada em sua avó.

“Uma Confeitaria para Sarah” é um filme com diversas nuances e explora tons sombrios, assim como os coloridos, ofertando momentos dramáticos, desconfortáveis, mas também leves e cômicos. É um filme simples, embora os personagens sejam complexos e suas histórias tenham um passado de infinitas possibilidades.

A produção, de certa forma, também declara seu amor à Londres, mostrando sua face mais diversa e cosmopolita, ao mesmo tempo que acolhedora e familiar. É uma cidade que abraça a todos. É como se Eliza Schroeder dizesse que Londres traz a possibilidade e a energia certa para que pessoas diferentes e de lugares distantes pudessem formar suas próprias comunidades, nunca se sentindo sozinhas. Em torno da confeitaria de Sarah, é o que acontece. Enquanto elas descobrem mais sobre seus clientes, constróem uma família.


Filme: Uma Confeitaria para Sarah
Direção: Eliza Schroeder
Ano: 2020
Gênero: Drama/Comédia
Nota: 8/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.