Um discurso de Ken Carter, técnico do time de basquete do ensino médio em Richmond, revela que as chances daqueles meninos pobres e negros de se formarem na universidade são escassas. Eles têm 80% mais de probabilidade de irem para a prisão. As estatísticas são baseadas em dados reais que ele havia coletado. Dos 33% de alunos que conseguem pegar o diploma naquela instituição de ensino, apenas 6 entram em universidades. O sistema é feito para derrotá-los. Aqui estão algumas informações preliminares de “Coach Carter: Treino para a Vida”, filme de 2008, dirigido por Thomas Carter, que não tem nenhum parentesco com o homem real que inspirou a produção.
Ken Carter, interpretado nas telas por Samuel L. Jackson, foi treinador do time de adolescentes do colégio público de Richmond em 1999. Ele aceitou o emprego, porque havia estudado na mesma escola quando mais novo. Mas os alertas da direção da instituição são claros: aqueles meninos de periferia que fazem parte do time são indisciplinados, rebeldes e não se dedicam aos estudos. O basquete é o ponto mais alto de suas vidas. Vencer o campeonato local daquele ano é tudo de melhor que pode acontecer a eles. Esse é o problema, na visão de Ken Carter, que deseja que aqueles jovens tenham muito mais perspectivas e oportunidade de serem alguém.
Filme de estreia de Channing Tatum, que interpreta um dos jogadores, Jason Lyle, o time também é formado por Worm (Antwon Tanner), Timo Cruz (Rick Gonzalez), Junior Battle (nana Gbewonyo), dentre outros garotos, incluindo Damien (Robert Ri’chard), filho de Ken Carter. Os métodos do técnico vão além das quadras. Ele exige que seu time tenha uma nota mínima em cada matéria da escola, frequente as aulas, tenham bom comportamento dentro e fora do colégio, fiquem longe de problemas e, claro, treinem incansavelmente, praticando flexões e corridas intermináveis dentro da quadra.
Os pontuadores do time desistem no momento que Carter se apresenta para a equipe e faz assiná-los um contrato se comprometendo a seguir suas regras. Timo Cruz é um deles que acha que pode se virar muito melhor longe do time de Carter. Mas após uma vitória logo na primeira partida sob direção do novo técnico, Cruz é atraído de volta.
O time se torna invicto no campeonato local, mas não sem muitos esforços de todos os envolvidos. Carter pressiona seus atletas ao limite, não só dentro das quadras, mas em todas as obrigações adjacentes. As vitórias, claro, sobem à cabeça dos jovens, que começam a acreditar que têm direito de escapar de algumas das rígidas normas do treinador. No entanto, logo Carter descobre e cancela todas as atividades do time, incluindo algumas partidas. As decisões do técnico revolta a direção da escola, a comunidade, os jogadores e seus pais. Não demora para que um complô se forme contra ele para retirá-lo da cabeça da equipe.
O problema é que sua ausência incomoda ainda mais que a presença. Com Carter longe, o time volta a desandar e cada um daqueles jovens, em suas vidas particulares, também. Seus métodos podem ser rigorosos demais, mas são o modelo de caráter, perseverança e moral que eles não têm dentro de casa, em suas famílias desestruturadas e empobrecidas.
Carter queria ser um bom exemplo para aqueles meninos e salvá-os das ruas e do crime, mas o que alcançou foi muito mais, ajudando quase todo o time a entrar na universidade graças à disciplina, dedicação e ao esporte. O homem que inspirou o filme, o verdadeiro Ken Carter, esteve nos sets durante todas as filmagens e atuou como consultor, atestando a veracidade da história.
“Coach Carter: Treino para a Vida” é mais um daqueles filmes sobre professores inspiradores que não escapam do clichê, mas com certeza nos dão novas perspectivas diante das dificuldades.
Filme: Coach Carter: Treino para a Vida
Direção: Thomas Carter
Ano: 2008
Gênero: Drama/Biografia/Esporte
Nota: 8/10