Produção viciante na Netflix com Dwayne Johnson é sua nova dose diária de energia e humor Divulgação / HBO

Produção viciante na Netflix com Dwayne Johnson é sua nova dose diária de energia e humor

“Ballers” é uma série produzida pela HBO, criada por Stephen Levinson e estrelada por Dwayne Johnson (o The Rock), John David Washington, Troy Garity, Rob Corddry, dentre outros. Com cinco temporadas de 8 e 10 episódios cada, a produção acompanha Spencer Strasmore (Johnson), um ex-astro do futebol americano que agora trabalha como gerente financeiro de jovens futebolistas. Ele trabalha ao lado do também do executivo  Joe Krutel (Corddry) e do advogado Jason Antolotti (Garity), que juntos tentam fechar novos acordos com atletas proeminentes no esporte, orientar seus contratados e lidar com crises, que envolvem mau comportamento dos jogadores, má administração financeira e trocas de times.

A série foi lançada em 2015 e chegou a atingir a marca de 1 milhão e meio de espectadores. Cancelada em 2020 sem muitas explicações da HBO, a audiência sofreu queda ao longo dos anos, terminando o show com menos de um milhão de televisores ligados. O enredo mistura comédia, drama e esportes. Johnson teve experiência como jogador de futebol americano na Universidade de Miami, durante os anos 1990. Já John David Washington (que é filho de Denzel Washington) foi jogador profissional na liga nacional americana (a NFL), no St. Louis Rams, onde jogou como runningback.

Na trama, Washington interpreta Ricky Jerret, um jogador problemático que depois de se meter em uma briga em um bar, é expulso de seu time. Spencer o ajuda a fazer uma transição para um novo clube sem que sua carreira seja drasticamente afetada por isso. Enquanto isso, ele tenta fechar contrato com um dos jogadores em ascensão na liga, Vernon Littlefield (Donovan W. Carter). Vernon até topa a parceria, desde que seu amigo de infância, Reggie (London Brown), participe de todas as reuniões e decisões. O problema é que Reggie é um interesseiro que quer pegar carona no sucesso do amigo e toma péssimas decisões.

Deslumbrado com a quantidade de grana que está ganhando, Vernon entra no vermelho e Spencer o empresta dinheiro em troca de gerenciar sua vida financeira, mas os embates com Reggie dificultam a relação. E é em um ambiente masculino, muitas vezes machista e tóxico, que a série desenvolve uma trama que troca muito rápido de humor para tensão e intrigas. Mas não mente quando mostra os jovens atletas em ascensão como um grupo de homens endinheirados e que objetificam mulheres, se exibem em carros importados e fazem festas em iates de luxo.

Há um deslumbramento comum entre jogadores de quase todos os esportes. Grande parte dos atletas vêm de camadas mais vulneráveis da sociedade, precisam lidar com o abandono dos pais, falta de condições para as necessidades mais básicas durante a infância, violência dos bairros e drogas. Quando se profissionalizam, sua vida dão um salto muito rápido para a fama e a riqueza. Não é de se impressionar que esses jovens se sintam completamente perdidos e façam muitas besteiras. É em torno dessa transição de vida que gira a série. O protagonista é uma espécie de orientador desses rapazes irresponsáveis.

É inegável que a série é um bom entretenimento, dinâmica e tem uma trama que prende. O problema é que as poucas personagens femininas são interesseiras ou prostitutas, como se essa fosse a definição de mulher dentro desse universo. Outro problema é se dedicar demais aos bastidores e dar pouco holofote para o próprio futebol americano. Faltam cenas de partidas e jogadas emocionantes, foi isso que deu à “Friday Night Lights” seu sucesso e é disso que os verdadeiros fãs de esporte querem ver em séries do gênero.


Filme: Ballers
Criador: Stephen Levinson
Ano: 2015
Gênero: Comédia / Esportes
Nota: 7/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.