Dirigido por Craig Gillespie e escrito por Steven Rogers, “Eu, Tonya” narra a história real da patinadora de gelo Tonya Harding, uma figura contraditória e cuja carreira teve diversos altos e baixos. Ganhador do Oscar de melhor atriz coadjuvante, entregue para Allison Janney que interpreta a mãe de Tonya, LaVona, o filme também disputou nas categorias de melhor atriz, para Margot Robbie, e melhor edição.
Conforme anunciado no início do filme, o roteiro foi escrito com base em entrevistas reais, por mais impressionante que pareça. É que a vida de Tonya teve tantos dramas e intrigas que parece até obra de ficção. Mas, não.
O enredo começa mostrando a infância da patinadora, que aos três anos já se destacava no esporte e, aos quatro, havia ganhado sua primeira competição. Nascida em uma família empobrecida e problemática, seus pais se divorciaram quando ela era ainda muito pequena, o que fez com que ela sentisse que havia sido abandonada pelo pai. A mãe, uma mulher rigorosa e agressiva, a fez deixar os estudos para pudesse se dedicar somente à patinação.
Tonya passou toda sua infância e adolescência em um relacionamento abusivo com a mãe. Alvo de agressões físicas e verbais, a menina acreditava ser merecedora desse tipo de tratamento. O que a levou até seu primeiro namorado e marido, Jeff (Sebastian Stan). Adolescentes e apaixonados, o casal parecia a combinação perfeita, já que gostavam de fazer as mesmas coisas e tinham, no começo, uma sintonia absurda.
Mas com seis meses de relacionamento, Tonya conta, Jeff começou a agredi-la fisicamente. Embora fosse apoiador de sua carreira, ele tentava controlar o comportamento de Tonya, às vezes infantil e mimado, na base da violência. Um casamento extremamente tóxico, o filme de Gillespie gira em torno, especialmente, dessa relação que minou a carreira de Tonya.
Em 1991, Tonya chegou a ser considerada uma das melhores patinadoras do país, tendo sido a primeira estadunidense a realizar um giro triplo no ar. Ela também foi medalha de ouro no Campeonato Nacional e prata no Internacional . Duas vezes competidora nas Olimpíadas, ela teve a chance de fazer história no esporte mundial, mas seu desempenho não foi dos melhores.
O evento cataclísmico que abalou de uma vez por todas sua história na patinação, foi um escândalo envolvendo uma agressão à sua adversária Nancy Kerrigan. Não foi difícil associá-la ao ocorrido, especialmente, porque Kerrigan era a queridinha da América e a pedra no caminho de Tonya. Jeff e o guarda-costas de Tonya, Shawn (Paul Walter Hauser) admitiram envolvimento no crime e a história escandalizou os Estados Unidos.
Filmado em apenas 30 dias, “Eu, Tonya” foi completamente autorizado pela patinadora real e seu ex-marido Jeff. Margot Robbie e Sebastian Stan, inclusive, chegaram a conhecê-los pessoalmente e Tonya até ajudou Robbie a treinar patinação para o papel. Já a verdadeira Nancy Kerrigan afirmou que não tinha interesse em assistir ao filme, já que não gostaria de reviver a história.
Apesar da vida dramática e, por vezes, assustadora de Tonya, o roteirista, Steven Rogers, conseguiu trazer elementos de comédia, que permitiram contar os acontecimentos de forma menos densa e traumática. Um dos pontos mais altos da produção, são as câmeras de Nicolas Karakatsanis, que acompanham os movimentos dos personagens, especialmente nas cenas de patinação, levando os espectadores para dentro da pista com Tonya.
Filme: Eu, Tonya
Direção: Craig Gillespie
Ano: 2017
Gênero: Biografia/Comédia/Drama
Nota: 8/10