Dizer que “homens são todos iguais” não é um exagero, pelo menos do ponto de vista hormonal. E não venha me contradizer, queridinho, primeiro porque, se o doutor Dráuzio falou, a água parou. E segundo porque estou na TPM e esse é o período em que costumo ter mais razão.
Homens são simples. Yeah, baby! Simples, simplórios, simplistas, simplões. Buh! A testosterona bomba até uns 30 anos e depois diminui gradativamente, como uma pluma monótona que cai de uma paineira num campo sem graça. Conosco, o buraco é mais embaixo: progesterona e estrógeno cismam de bancar os bailarinos e fazem Dance of the Knights, de Prokofiev, trajando jeans e tutu (ao mesmo tempo), com um pé na sapatilha e outro no coturno, mostrando toda a inconstância que alguém realmente interessante deve ter.
Entrar na TPM é cruzar a linha para o campo de batalha. Sobreviver a cada segundo passa a ser uma grande missão da vida. São precisos escudo, capacete e fuzil. Como num passe de mágica, nos tornamos culpadas por absolutamente tudo: a guerra na Síria, o sal que acabou e não estava na lista de compras, os rombos de corrupção mundial, o dedinho mindinho espatifado que o filho conseguiu no futebol e tantas outras coisas importantes que um dia de guerra nos traz. E gente culpada, já viu, tanto chora quanto terceiriza a culpa. Mas é normal, beleza? Qualquer um faria isso, não precisa de mimimi. Todo mundo se sente vítima quando está ao redor da mulher em TPM, isso deve ser resultado de tantos Yakults ingeridos por esses fi-de-vó mimados de hoje em dia. Que que é? Nunca me viu?
A feiura se instala como uma imperatriz neste período do mês, embora, na maior parte do tempo, apenas em nossa cabeça. Todos os líquidos do mundo decidem se reunir sob a tez que, horas antes, estava impecável. E, de repente, ficamos inchadas, esquisitas e levemente disformes. Isso dá vontade de chorar, o que acaba por trazer mais inchaço e assim começa um círculo vicioso mais espetacular que qualquer montanha-russa radical. É claro que, nesses dias, estratégicos e malvados espelhos parecem brotar das paredes, do chão, do teto e da alma. Especialmente da alma.
Felizmente, uma fofura incrível nos bate de vez em quando. Podemos ser altamente doces e amorosas, sem quê nem porquê. Maravilhoso como a vida pode ser subitamente tão bela… Que espetáculo é poder ser poderosa, independente e autossuficiente! Infelizmente, no entanto, algumas pessoas ao redor de uma mulher na TPM tendem a ficar mais maléficas e soltam altos comentários do tipo “tá nervosinha, hein?”. É por isso que decreto agora uma lei universal: piadinhas machistas ou simplesmente retardadas devem ser abolidas em tal período. Nada que não sejam flores, elogios e chocolates finos devem rondar uma donzela durante o hiato da TPM. Sobretudo, decreto que o silêncio é a melhor forma de comunicação neste delicado momento. Silêncio é sinônimo de respeito, de cumplicidade, de “te-entendo-querida-respire-fundo-que-vai-passar-qualquer-coisa-estou-aqui-obrigado-por-existir-te-amo-de-todo-jeito-a-propósito-quer-um-brigadeiro?”
Precisamos ser amadas nesse ínterim. Mas não demais, ou soará mais falso que nota de três. É preciso que nossos seios doloridos se sintam queridos, que a lombar destruída seja massageada e que o estômago permaneça sempre bem servido.
Ama-se e odeia-se ao mesmo tempo. Não tem nada de confuso nisso, beleza? A compreensão das pessoas é que é limitada. Por essa razão é que os ETs não vêm nos visitar. Bando de obtusos. Amor e ódio são vizinhos separados por uma linha tão tênue que, putz!, de repente estou odiando meu texto. Tchau.