Imagine um dia único em que entusiastas da literatura de todo o mundo se reúnem para celebrar um único livro — isso é o que acontece todos os anos em 16 de junho. Este dia, conhecido como Bloomsday, é uma celebração global em homenagem ao intrigante Leopold Bloom, protagonista de “Ulysses”, a obra icônica do escritor irlandês James Joyce.
“Ulysses”, lançado em 1922, foi um verdadeiro marco na literatura. Joyce, um escritor incansavelmente dedicado a experimentar com linguagem e estruturas literárias, chocou o mundo literário e rompeu paradigmas críticos. Ele brincava com estilos, mesclando-os de tal forma que se tornaria a maior referência tanto para a literatura modernista quanto para a pós-modernista.
Graças a Joyce e ao seu “Ulysses”, a literatura mundial chegou a uma nova era. Gênio do século 20, como Virginia Woolf, William Faulkner, Samuel Beckett e Thomas Pynchon, foram influenciados por sua escrita. E até hoje, “Ulysses” continua sendo um desafio para escritores e leitores que buscam compreender e decifrar suas complexidades.
Celebrar o Bloomsday não é apenas recordar um livro ou um personagem. É reconhecer a revolução que Joyce causou na literatura mundial com “Ulysses” e a relevância do livro que, mesmo um século depois, continua a desafiar, questionar e fascinar.
UMA ÚNICA DATA
“Ulysses” ocorre em um único dia, 16 de junho de 1904.
AUSENCIA CONVENCIONAL DE ENREDO
Leopold Bloom, o protagonista principal que é um vendedor judeu, vagueia por Dublin no dia 16 de junho de 1904, pintando um quadro vívido de um dia na vida dos habitantes mais marginalizados da cidade.
CENSURA
Quando foi publicado pela primeira vez, “Ulysses” foi considerado obsceno e foi banido em países como Estados Unidos e Reino Unido. Foi apenas em 1933 que a Suprema Corte dos EUA legalizou o romance.
PUBLICAÇÃO INICIAL
“Ulysses” foi publicado pela primeira vez na França pela editora Shakespeare and Company em 1922. A editora era dirigida por Sylvia Beach, uma americana expatriada que se tornou uma figura-chave na cena literária parisiense.
ÚLTIMA LINHA
A última linha do romance é uma das mais famosas da literatura: “Sim, eu disse sim, eu quero sim.”
DIALETO DE DUBLIN
Joyce empregou um uso rico e variado de dialetos de Dublin e gírias locais em “Ulysses”, tornando-o um verdadeiro retrato linguístico da cidade no início do século 20.
NENHUMA PONTUAÇÃO
O capítulo final, o “Monólogo de Molly”, é notável por seu uso mínimo de pontuação, consistindo em apenas oito frases enormes e sem qualquer uso de ponto final.
O NOME LEOPOLD BLOOM
O personagem principal, Leopold Bloom, foi nomeado em homenagem a um amigo de Joyce, Ettore Schmitz, que usava o pseudônimo literário Italo Svevo.
JAMES JOYCE E A CEGUEIRA
Durante a escrita de “Ulysses”, Joyce sofreu de vários problemas oculares que, em alguns momentos, o levaram à cegueira. Isso influenciou sua escrita e a forma como ele construiu seu romance.
ORIGEM DO NOME
“Ulysses” é a versão latina do nome grego “Odysseus”, o herói da “Odisseia” de Homero. Joyce escolheu o título para enfatizar o paralelismo entre sua própria obra e a antiga epopeia grega.
REFERÊNCIAS MUSICAIS
Joyce, que foi um talentoso cantor e pianista, encheu “Ulysses” de referências à música, desde canções populares irlandesas até peças de ópera.
PRIMEIRA EDIÇÃO
A primeira edição de “Ulysses”, publicada em Paris em 1922, continha muitos erros de impressão e tipografia devido à visão precária de Joyce e à dificuldade de interpretar seu manuscrito.
NÚMERO DE PALAVRAS
“Ulysses” contém aproximadamente 265.000 palavras, mas apenas um vocabulário de cerca de 30.000 palavras, o que significa que Joyce usou cada palavra uma média de 8,8 vezes.
PERSONAGEM STEPHEN DEDALUS
Stephen Dedalus, um dos personagens principais, é uma representação semiautobiográfica de Joyce. Ele também aparece no romance anterior de Joyce, “Retrato do Artista Quando Jovem”.
ESTRUTURA E ESTILO
Cada um dos 18 episódios de “Ulysses” possui uma estrutura, um estilo de escrita e um esquema de cores próprios, tornando cada capítulo único em sua forma e conteúdo.
LINGUAGEM OBSCENA
Apesar da linguagem às vezes obscena e dos temas provocantes, Joyce insistiu que “Ulysses” não era um livro imoral e que procurava retratar a verdade da experiência humana.
CRÍTICAS A ULYSSES
Virginia Woolf comentou: “Nunca li tanta tolice… parece o trabalho de um estudante entediado cutucando suas espinhas”. A esposa de Joyce, Nora Barnacle, também não era uma grande fã. “Por que você não escreve livros que as pessoas possam ler?”
SAMUEL BECKETT FOI SECRETÁRIO DE JOYCE DURANTE A ESCRITA DE ULYSSES
Samuel Beckett foi secretário de Joyce durante a escrita de “Ulysses”. Beckett também namorou a filha de Joyce, Lucia Anna.
INFLUÊNCIA CULTURAL
“Ulysses” teve um impacto significativo na cultura do século 20, inspirando uma variedade de trabalhos em muitos meios, desde outras novelas e poesias até filmes, peças de teatro e músicas. Muitos escritores, incluindo William Faulkner, Samuel Beckett e Thomas Pynchon, citaram Joyce e “Ulysses” como influências seminais em suas próprias obras.