O filme mais assistido de 2023 está na Netflix e você ainda não viu Doane Gregory / Netflix

O filme mais assistido de 2023 está na Netflix e você ainda não viu

Um filme de ação feito por mulheres e para mulheres, “A Mãe” conta a saga de uma assassina profissional (Jennifer Lopez) para proteger a filha (Lucy Paez) de 12 anos. Obrigada a abandonar a menina anos atrás para escondê-la de um grupo criminoso de tráfico ilegal de pessoas, mãe e filha se reúnem depois que seus perseguidores retornam decididos a se vingar.

Dirigido por Niki Caro e escrito por Misha Green, Andrea Berloff e Peter Craig, “A Mãe” foi um daqueles filmes que teve as gravações interrompidas pela pandemia de Covid-19. O filme passou por locações no Afeganistão e Cuba, mas foi majoritariamente filmado no Canadá, onde o espectador pode sentir a atmosfera selvagem, perigosa e isolada do longa-metragem.

Enquanto fogem dos criminosos, a mãe e Zoe, a menina, precisam sobreviver em uma cabana reclusa no Alasca. Lá, a mãe pretende ensinar a menina a dirigir, atirar, construir armadilhas e lutar por sua vida. É lindo como Caro coloca duas mulheres fortes e duronas no centro de uma trama de ação e mostra a potência delas na construção de uma narrativa tipicamente masculina. Ao mesmo tempo, Lopez e Paez pincelam a tela com suas atuações sensíveis, dramáticas e femininas. Afinal, ninguém sabe melhor como sobreviver que mulheres.

Caro mantém as cenas de ação em ‘crescendo’. De acordo com a diretora, a intenção era torná-las cada vez mais grandiosas para manter o interesse do espectador.  Vale a pena reforçar que não estamos falando de qualquer diretora aqui. Caro é realizadora de obras muito aclamadas da crítica, filmes de grande qualidade e sensibilidade cinematográfica, como “O Zoológico de Varsóvia”, “Terra Fria”, “McFarland dos EUA”, “Encantadora de Baleias” e a série queridinha da Netflix, “Anne with an E”. Os parâmetros são excelentes.

Caro contou que, ao dirigir este filme, quis tirar o papel da mãe no cinema da cozinha, do carro ou da vida doméstica e quis colocar ela em sua maior habilidade, que é a de proteger a vida dos filhos. A escolha por Jennifer Lopez levou em conta seus multitalentos, como uma pessoa altamente performática e com habilidades para as cenas dramáticas, que também seriam necessárias para compor o papel. Além disso, a intenção era escolher uma atriz que expressasse, segundo revelou a produtora Elaine Goldsmith-Thomas, que o filme não era mais uma propaganda hollywoodiana “anti-idade, sexista ou monocromática”. Lopez foi escolhida justamente por ser uma mulher latina e não tão jovem. Ela também tem fama de ser superprotetora, o que a torna perfeita para o papel.

Uma parte interessante do filme é, ainda, mostrar que não existem mães perfeitas e que cada uma se vira como pode. Apesar de ser uma mulher incrível, a mãe interpretada por Jennifer Lopez não se enquadra do perfil da outra mãe de Zoe, a adotiva, uma dona de casa adorável e cuidadosa. Cada uma tem seu estilo de maternar, ambas com suas qualidades. Assim como a vida real funciona.

Mas é importante destacar que o filme não é exclusivamente para o público feminino. Há excelentes tomadas de ação, violência explícita e as atuações de Joseph Fiennes e Gael García Bernal, nos papeis dos vilões.


Filme: A Mãe
Direção: Niki Caro
Ano: 2023
Gênero: Ação
Nota: 8/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.