Nova comédia romântica da Netflix vai te fazer rir e pensar e deixar seu final de semana mais leve Divulgação / Netflix

Nova comédia romântica da Netflix vai te fazer rir e pensar e deixar seu final de semana mais leve

Com um título em português que faz referência a um dos romances de Gabriel García Márquez, “Amor em Tempos de Polarização” é uma comédia romântica polonesa que usa e abusa de arquétipos para criar personagens que representam extremos políticos. Um filme de Piotr Kumik e escrito por Jakub Ruzyllo e Lukasz Sychowicz, o enredo brinca com a temática de amor impossível de “Romeu e Julieta” e traz para os dias atuais, em que o espectro político representa a maior das rivalidades entre pessoas.

Staszek Sulkowski (Maciej Musialowski) era uma estrela em ascensão do futebol até uma lesão acabar com sua carreira. Agora, morando com os pais, dividindo quarto com a irmã e trabalhando em um estacionamento, ele perdeu completamente seu senso de propósito. Simpatizante de causas nacionalistas, ele é imediatamente atraído pela proposta de seu primo Roman (Borys Szyc), que o oferece emprego em sua célula n*zifascista, a Associação da Juventude Radical.

Staszek já é conhecido de alguns membros do grupo, um bando de idiotas que foram presos enquanto comemoravam o 142º aniversário de Hitler no meio de uma floresta. As cenas mais pastelões do filme são encenadas por esses caras, que dizem odiar judeus, a comunidade LGBTQIA+, negros, imigrantes e tudo mais que a gente já sabe. No entanto, eles sequer sabem desenhar de maneira correta a suástica. Em uma cena, uma dupla discute se Hitler já morreu ou não, o que deixa claro que os roteiristas querem chamar esses extremistas de descerebrados.

Eles planejam uma série de ações para disseminar suas ideias e “mudar o mundo para melhor”. Enquanto estão em um bar fazendo suas besteiras ocasionais, Staszek conhece Pola (Magdalena Mascianica), uma garota que acabou de terminar seu namoro com o esquerdomacho Kajetan (Antoni Królikowski), após pegá-lo na cama com outra mulher. A justificativa do companheiro era abrir o relacionamento e dar uma chance ao poliamor. Kajetan também é uma caricatura dos homens esquerdistas dos tempos atuais, sempre modificando as falas das mulheres ao seu redor para favorecê-lo. Pola, ao contrário de todos os homens que encontramos neste filme, é uma mulher inteligente, cheia de personalidade e opinião e defensora dos direitos das minorias.

Quando ela conhece Staszek, ele esconde que faz parte de uma célula n*onazista. Na verdade, ele fica tão encantado por ela, que até finge concordar com suas ideias para não a perder. Durante um tempo, ele consegue agir como se fosse uma pessoa completamente diferente para a agradar, até que em um momento, ele se sente culpado por esconder suas reais opiniões e conta a verdade, colocando o romance em risco.

Mas o clímax da história, em que Staszek terá de decidir sobre o tipo de pessoa que quer se tornar, acontece quando o plano do grupo é explodir uma bomba na Parada Gay. Esse evento será definidor para que ele descubra se realmente é um radical extremista ou apenas alguém tentando pertencer a algum grupo ou lugar.

E é idiotizando os homens que os roteiristas traçam seu caminho pela comédia e zombam dos extremos políticos. Mas, claro, os nacionalistas ultraconservadores são muito mais explorados, ocupando um espaço maior de filme, porque o peso de sua ideologia é mais impactante e nocivo, e mais fácil de ridicularizar. Apesar de tratar de um tema tão delicado e que tem se delineado muito claramente na política global nos últimos dez anos, “Amor em Tempos de Polarização” consegue falar sem deixar o clima pesado. É um filme divertido, leve e que levanta algumas boas discussões.


Filme: Amor em Tempos de Polarização
Direção: Piotr Kumik
Ano: 2022
Gênero: Comédia/Romance
Nota: 7/10