A música é uma parte muito importante da minha vida. Ela está sempre presente durante o meu dia, tanto em aparelhos de reprodução, quanto na minha mente. Eu tenho vários tipos de critérios para escolher o que vou ouvir, desde os mais racionais, como ouvir a discografia em ordem cronológica de determinado artista, até os mais emocionais, quando alguma situação ou sentimento me faz lembrar certa música ou álbum. E é exatamente nessa segunda categoria que está uma das formas mais deliciosas de minha interação com a música.
Esta manhã ao acordar, após horas de sonhos surreais, havia dois trechos de músicas batucando na minha cabeça. O primeiro era “What a dream I had / Dressed in coloured shawls” (“In Places on the Run” do Dream Academy). Exatamente uma música que fala de um sonho, e de uma banda que tem sonho no nome. O segundo dizia “Just like Josephine, it will not be tonight / Still I have the dream, still I have the sight” (“Girl with Grey Eyes” do Big Country). Outra música com sonho no meio.
Levantei-me com as duas músicas a tocar na minha cabeça. Em determinado momento uma terceira canção começou a se insinuar entre as outras duas: “Only a Northern Song” dos Beatles. Uma composição de George Harrison que sempre me pareceu um desabafo em relação à hegemonia de John e Paul na escolha do repertório dos álbuns. A editora das composições creditadas a Lennon e McCartney é chamada Northern Song (Canção do Norte).
A partir daí começou um encadeamento, aparentemente involuntário, de temas e músicas na minha mente. A memória afetiva trouxe à tona “Life in a Northern Town”, outra música do grupo inglês Dream Academy. Além de ter a palavra “Northern” em comum, a letra cita os Beatles. E vieram, talvez pelo tema nortista, a música “Chance” da banda escocesa Big Country, seguida de “Darklands” do, também escocês, Jesus and Mary Chain.
A certa altura da manhã eu estava parecendo um zumbi no mundo palpável, pois minha vida estava em ebulição na minha mente, com tanta música batucando meus miolos. O mais prudente, para evitar problemas, foi tentar controlar esse fluxo mental ininterrupto e montar uma playlist com essas músicas, de forma a controlar e organizar sua execução.
E assim o fiz. Montada a lista, o próprio aplicativo de streaming de música sugeriu outras que eu incorporei à minha seleção, que pode ser ouvida no link ao final deste texto.
Depois de ouvir a lista pela primeira vez, minha mente se acalmou e minha vida no mundo físico retomou seu curso ‘normal’. Posso dizer que foi uma experiência altamente excitante, e que já havia ocorrido outras vezes, menos a parte da montagem da playlist, e espero que aconteça muitas vezes mais.