Ganhador de três Oscars, um dos maiores romances da história do cinema está Netflix e você ainda não viu Divulgação / Columbia Pictures

Ganhador de três Oscars, um dos maiores romances da história do cinema está Netflix e você ainda não viu

Uma preciosidade do cinema, “Memórias de uma Gueixa”, de Rob Marshall, foi lançado em 2005 e é adaptado do romance literário de Arthur Golden. O roteiro foi escrito para as telas por Robin Swicord. O longa-metragem foi indicado em seis categorias do Oscar, em 2006, das quais levou três estatuetas para casa por melhor fotografia, melhor direção de arte e melhor figurino. Claro, todos merecidos, mas uma curiosidade sobre isso é que mais de 250 quimonos foram fabricados a mão e com bordados originais para vestir as gueixas. O mérito do trabalho e do zelo foi de Colleen Atwood, que já acumula quatro Oscars. Além deste filme, ela também faturou estatuetas por “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, em 2016; “Alice no País das Maravilhas”, em 2011; e “Chicago”, em 2003.

“Memórias de uma Gueixa” se passa entre os anos de 1920, 1930 e 1940 e foca no período da Segunda Guerra. Acompanhamos a pequena Chyio e sua irmã, que vivem com sua humilde família em uma aldeia pesqueira e são vendidas para casas de gueixas em Tóquio. Elas acabam separadas e, depois de um tempo, a irmã foge e elas nunca mais se reencontram. Chyio, por ter tentado fugir também, cresce como escrava na casa Niita okiya, uma das mais famosas do Japão. Lá, ela ajuda a servir a aprendiz Abóbora e a gueixa Hatsumomo (Gong Li), que é praticamente quem mantém financeiramente a casa.

Mas Hatsumomo tem inveja de Chyio e quer a todo custo tornar sua vida mais difícil. É como se houvesse uma preocupação latente de que Chyio, eventualmente, ofusque seu brilho. Um dia, Chyio conhece o presidente da empresa de energia que abastece Tóquio, interpretado por Ken Watanabe. Ele a vê chorando e paga um sorvete para ela. A partir de então, Chyio guarda um lenço que ele a deu. Apaixonada, ela deseja se tornar uma gueixa para conseguir um lugar no mundo do presidente.

Os anos passam e a menina ganha uma protetora, Mameha (Michelle Yeoh), que a treina para ser gueixa e a reaproxima de seu amor de infância. Agora adulta e com uma beleza singular, Chyio é obrigada a renegar seu nome e é batizada de Sayuri. Ela se torna a gueixa mais desejada e famosa de Tóquio. Nobu (Kôji Yakusho), que é sócio do presidente e salvou-lhe a vida durante a Primeira Guerra, acaba se apaixonando por Sayuri, obrigando-a de se afastar de seu verdadeiro amor. Além disso, a guerra também atravessa o caminho dos amantes. Mas o destino será capaz de reuni-los mais uma vez?

Uma das maiores críticas ao filme é o fato de Sayuri ter sido interpretada pela atriz chinesa Ziyi Zhang. De acordo com os produtores, nenhuma das atrizes japonesas selecionadas para compor o elenco do filme aceitaram interpretá-la, em respeito às figuras históricas das gueixas. Então, eles tiveram que simplesmente recorrer a mulheres asiáticas. E se você se pergunta se a história de Sayuri é real, a resposta é sim. O livro de Golden foi inspirado na vida da gueixa Mineko Iwasaki, hoje com 79 anos. Ela foi a gueixa mais conhecida do Japão durante seu tempo de atividade. Iwasaki foi entrevistada por Golden para o livro, mas depois de ter sido reconhecida, se arrependeu e decidiu escrever sua própria biografia em “Gueixa de Gion: Memórias de Mineko Iwasaki”.

Dion Beebe, diretor de fotografia, trabalhou com o diretor, Rob Marshall, e com a figurinista, Colleen Atwood, em “Chicago”. Em “Memórias de uma Gueixa”, Beebe valoriza as cores de cada personagem, sendo a de Sayuri o dourado, destacando sua raridade e preciosidade. O diretor de fotografia usa a iluminação para diferenciar, para os espectadores, os tempos difíceis dos bons. Por exemplo, nas cenas iniciais e durante a guerra, o tempo parece escuro e nublado, as roupas são acinzentadas ou adotam tons mais fechados, expressando tristeza ou dificuldade. Quando Sayuri está no apogeu de sua carreira, realizada e próxima do presidente, há mais cor e luz. É como se o mundo estivesse feliz e iluminado.

A trilha sonora do premiado maestro John Williams, que pediu para trabalhar neste filme e abriu mão de sua participação em “Harry Potter e o Cálice de Fogo” por choque de agendas, também concorreu ao Oscar e foi essencial para conduzir o espectador emocionalmente através dessa jornada romântica. Ele destaca a melancolia do amor impossível, que é o verdadeiro tema do filme, e a esperança para o futuro.

Embora polêmico, “Memórias de uma Gueixa” é, sem dúvida, uma importante obra cinematográfica com valor artístico e que merece ser apreciado.


Filme: Memórias de uma Gueixa
Direção: Rob Marshall
Ano: 2005
Gênero: Romance / Drama
Nota: 9/10