Minha bisavó costumava dizer que já não se fazem homens como antigamente. Coitada, se ela estivesse viva, era bem capaz de cortar a frase pela metade. Características que antes eram tão marcantes no universo masculino, como o cavalheirismo e toda a gentileza e distinção para com nós, mulheres, hoje estão praticamente extintas da face da Terra. Então, a culpa é nossa e da nossa mania de igualdade, do feminismo, do mundo corporativo, da liberdade sexual, blá-blá-blá. A verdade é que tanto faz de quem é a culpa. Os homens não são mais os mesmos. E eu admito: as mulheres também não.
Crescemos. As nossas roupas já não se enquadravam mais. Arrancamos os sutiãs porque apertavam a nossa voz. Encurtamos as roupas e os cabelos. Fomos à luta pela liberdade de ser gente, antes mesmo de sermos mulheres. Crescemos tanto que já não cabemos numa forma de bolo. Hoje, ser mulher não é mais seguir uma receita de família. E isso assusta os homens — eles mesmos confessam.
Deixamos de pertencê-los, de ser propriedade ali, na ponta do lápis. Já não se fala mais da Maria do Antônio, da Ana do Zé ou da Joana do Fernando. Maria agora é executiva, já viajou para mais de 18 países, passou dos 35 anos e não quer ter filhos. Ana é arquiteta, se casou com outra mulher e tem uma menina. Joana é profissional autônoma, cuida dos irmãos mais novos e mantém os pais.
Conquistamos o nosso espaço no mundo, atuamos em carreiras que antes só podiam ser conduzidas por eles. Nos libertamos da obrigatoriedade da instituição do casamento. Fazemos sexo por vontade, assumimos as nossas taras e os nossos gostos. Independente de tudo isso, o tal do “direitos iguais” não dá aos homens o direito de nos tratar sem o mínimo de respeito. Cortesia, rapazes, nunca sai de moda.
Sabe, no fundo as nossas essências não deveriam mudar diante das novas condições. Foi-se o tempo em que o homem era apenas provedor e conquistador, assim como a mulher deixou para trás o papel consentido de uma figura frágil e dependente. A natureza protetora, cuidadora e cortês do homem ficou soterrada diante da postura rude de alguém que olha tão de igual para igual, que não percebe que nós, mulheres, permanecemos com a nossa estrutura lírica.
Buscamos afago, aconchego, um ombro para dividir os nossos dias cansativos e um peito para repousar a nossa cabeça inquieta. Não queremos alguém que pague as contas ou que nos deixe na porta de casa. Não! Isso nós podemos fazer sozinhas. Queremos um homem que nos leve para comer o que nós gostamos, alguém que ligue para saber se chegamos bem em casa, que perca o seu tempo em nos conhecer a fundo. Queremos um homem que saiba a nossa cor favorita, a nossa flor preferida, que note o quanto gostamos de anéis e porque preferimos brincos grandes. Queremos um homem que nos presenteie com livros e lingeries, que mesmo sem tempo encontra alguns segundos para dizer o quanto somos especiais, e que nós fazemos o seu dia melhor com o nosso sorriso. Isso não é romantismo; é ser amável, atencioso, gentil e educado.
Queremos muito mais do que um sexo fantástico, alguém para tomar umas cervejas e bater um papo descompromissado pela madrugada. Deixamos de ser a mulher de antigamente, mas ainda sim, preferimos os homens de outros tempos. O cavalheiro, que abre a porta do carro, o ouvinte que se deixa em segundo plano para aprender e entender o que se passa no nosso coração. Homens arrogantes e autossuficientes, que consomem mulheres como picanha de rodízio, têm curto prazo de validade em nossas vidas.
Por um mundo novo e por um homem à moda antiga, aí vamos nós, na nossa luta diária, sem perder as esperanças. Jamais.