Ganhador do Oscar, um dos mais belos e encantadores filmes da história do cinema está na Netflix Divulgação / StudioCanal

Ganhador do Oscar, um dos mais belos e encantadores filmes da história do cinema está na Netflix

Filme que deu o Oscar de melhor atriz para Jennifer Lawrence, “O Lado Bom da Vida” também disputou, na edição da premiação em 2013, nas categorias de melhor ator, melhor filme, melhor direção e melhor roteiro adaptado. Filme dirigido e adaptado para as telas por David O. Russell, “O Lado Bom da Vida” é baseado no romance homônimo de Matthew Quick.

Bradley Cooper interpreta Pat Solatano, um homem que passou um tempo internado em uma clínica psiquiátrica, após ter um colapso mental ao flagrar sua esposa, Nikki, fazendo sexo com outro homem dentro de sua casa. Sob medidas restritivas, Pat não pode se aproximar da mulher, de sua própria residência e nem da escola onde ele costumava dar aulas. Então, ele precisa retornar para a casa dos pais, enquanto tenta reequilibrar sua saúde mental para reconquistar sua esposa.

Um dia, é apresentado para Tiffany (Jennifer Lawrence), uma viúva solitária que está obcecada em vencer um concurso de dança. Para isso, ela precisa de um parceiro. Então, ela convence Pat em troca de ajudá-lo a reconciliar com Nikki. Em meio às intensas horas de ensaios, Pat e Tiffany desenvolvem uma estranha relação de amizade, com pitadas de romance, mas também muitas brigas. As personalidades problemáticas de ambos se chocam, mas os dois estão em busca da mesma coisa: de compreensão, empatia e companhia.

Enquanto Pat luta para manter sua sanidade diante de um diagnóstico de bipolaridade, tenta fazer as pazes com o pai, Pat (Robert De Niro), que sempre foi duro e ausente, e que tem surtos de Transtorno Obsessivo Compulsivo (Toc) e comportamento explosivo. Obcecado pelo Philadelphia Eagles, time de futebol americano, Pat (pai) faz constantes apostas arriscadas e acredita que rituais comportamentais vão interferir na vitória ou derrota de seu time.

São muitos os problemas que Pat enfrenta e não são raras as vezes em que ele perde o controle. “O Lado Bom da Vida” não é um filme sobre alcançar a perfeição ou encontrar a felicidade plena. É sobre como a caminhada em busca dos nossos objetivos são a melhor parte de todo o trajeto. O sucesso não é o destino, mas tudo que você aprende antes de chegar lá e as pessoas que te acompanham.

Para Pat, o objetivo é reconquistar a confiança de Nikki e, consequentemente, ganhar de volta seu amor. Mas, aos poucos, ele descobre que não é isso que ele realmente precisa. Afinal, já cantava Mick Jagger, “você nem sempre pode ter o que quer, mas se você tentar, pode conseguir o que precisa”. E Pat recebe exatamente o que ele precisa.

Uma das coisas mais encantadoras deste filme é que a gente se envolve na vida dessas pessoas que compõem a narrativa. Não apenas de Pat, mas nos sentimos como alguém que faz parte da rotina de Pat (pai), de Tiffany e de toda a vizinhança. Russell conseguiu transformar o roteiro em uma história tão cotidiana e trivial e, ao mesmo tempo, especial e sincera.

As atuações aqui são espetaculares. Todo o trabalho é muito refinado. Não é uma comédia boba e que a gente vá esquecer daqui alguns anos. Nada disso. “O Lado Bom da Vida” é uma daquelas obras que se tornam nossos xodós, que queremos assistir e reassistir quando temos um dia ruim, quando precisamos de companhia. É um antídoto para a tristeza, porque apesar de seus personagens serem problemáticos, nos identificamos com eles e nos sentimos amparados e compreendidos.

A vida é feita de gente real, não daqueles avatares humanos que vemos nas redes sociais vestindo marcas de luxo e com sorrisos de botox no rosto. “O Lado Bom da Vida” é tão real quanto bater o dedinho na quina. É um filme cheio de amargura e confusão e, mesmo assim, beleza e doçura.


Filme: O Lado Bom da Vida
Direção: David O. Russell
Ano: 2012
Gênero: Drama/Comédia
Nota: 10/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.