Direção de estreia de Aline Brosh McKeena em um longa-metragem, “Na Sua Casa ou Na Minha” traz às telas Ashton Kutcher e Reese Witherspoon em uma comédia romântica mais madura, que também fala de paternidade, amadurecimento e realização profissional, mas, acima de tudo, é sobre as escolhas que fazemos na vida e aquelas que deixamos de fazer.
Para quem não sabe, McKeena é roteirista de “O Diabo Veste Prada” e da série “Crazy Ex-Gilfriend”. Aqui, em “Na Sua Casa ou Na Minha”, acompanhamos a história de Debbie (Witherspoon) e Peter (Kutcher), amigos há 20 anos, depois de passarem uma noite juntos. Um relacionamento romântico nunca deu certo entre eles, porque eles são o exato oposto. Peter sumiu por um tempo depois que eles fizeram sexo. Ele tem problemas para se relacionar a longo prazo com mulheres, mas não para conquistá-las, por ser alto, atraente e bem-sucedido. Além de Debbie, ele também não tem amigos. Todas as suas relações são curtas e superficiais. Sua casa foi completamente montada por uma decoradora. Os talheres ainda estão plastificados e os copos possuem o adesivo com o preço. Nada em sua vida parece real e significativo. Sua tão sonhada carreira como escritor foi trocada pela vida como executivo em uma grande companhia. Aliás, os livros são sua única conexão com Debbie, já que ambos amam ler.
Ela é prática e também trocou a sonhada carreira na área editorial por algo em exatas. Mãe de Jack (Wesley Kimmel), um menino bonzinho de 13 anos, Debbie é divorciada e faz de tudo para dar a ele uma vida organizada, estável e pragmática. Ela também é superprotetora, o que a faz ser uma mãe meio opressora e sempre preocupada. A vida do casal de amigos sofre uma reviravolta quando Debbie precisa ir para Nova York fazer um curso de uma semana e Peter, que mora lá, vai para a casa dela, em Los Angeles, cuidar de Jack enquanto ela está fora.
Jack vive, pela primeira vez, uma rotina indisciplinada, assiste filmes assustadores, come besteiras e entra para o time de hockey, que sua mãe nunca permitiu por ser violento demais. Peter, por sua vez, aprende o peso de se responsabilizar por outra pessoa, pela primeira vez na vida. Enquanto isso, Debbie conhece Minka (Zoe Chao), uma das namoradas de Peter, que a ajuda a se soltar e a conhecer o editor Theo (Jesse Williams). Além de Debbie e Theo viverem um romance relâmpago, ele aceita publicar um romance que Peter escreveu e que ela encontrou escondido em seu apartamento. Theo também a ajuda a entrar no mercado de editoração.
O lance do filme é que quando Peter e Debbie passam um tempo vivendo fora de suas rotinas e fora de suas vidas comuns, eles descobrem o que realmente querem. Nenhum deles está realmente satisfeito com os rumos de suas carreiras, mas estão confortáveis demais para mudar isso, até que a influência direta deles na vida um do outro transforma tudo, abre portas e desencadeia mudanças. O tempo vivendo na casa do outro também poderá despertar os sentimentos românticos adormecidos há anos entre eles.
“Na Sua Casa ou Na Minha” tem alguns problemas. A começar pelos estereótipos de gênero, que já estão bastante ultrapassados. Outra crítica aqui é para a química sem graça entre Witherspoon e Kutcher, que pode ter sido acentuada pelo fato de que seus personagens só se encontram pessoalmente duas vezes no filme, uma no começo, em um flashback para relembrar sua única noite de paixão, e no final.
Mas há, sem dúvidas, pontos positivos que nos atraem para este filme. É um ‘comfort movie’, pronto para tirar sua mente das preocupações e levá-la para um universo bobinho onde nada poderá perturbá-la. As comédias românticas ficaram praticamente extintas na última década e é divertido e nostálgico vê-las de novo nas telas. Há os lugares comuns do gênero em que pisamos novamente aqui: dois amigos que nasceram para ficar juntos, mas são teimosos demais ou demoram tempo demais para descobrir isso. Todo mundo adora uma história de amor complicada, não é mesmo?
Filme: Na Minha Casa ou Na Sua?
Direção: Aline Brosh McKeena
Ano: 2022
Gênero: Comédia/Romance
Nota: 7/10