Se você tem medo de voar, “Céu Vermelho-Sangue” talvez possa ser um gatilho. É que o longa-metragem retrata o sequestro de um voo transatlântico por terroristas completamente desequilibrados e, logo em seguida, um ataque vampiro. Os primeiros 30 minutos de filmes são muito violentos, mas é apenas um “teaser” da carnificina que vem a seguir.
Sim, os terroristas parecem levados pela emoção e pelo frisson de extirpar vidas violentamente demais para conseguir dar cabo ao plano de obter algum benefício financeiro, ou seja lá qual seu objetivo pouco claro, com o sequestro da tripulação, que normalmente exigiria muito mais frieza e estratégia. Entre os passageiros do voo que saiu com destino a Nova York, está Nadja (Peri Baumeister), uma mulher que supostamente sofre de leucemia, e seu filho, Elias (Carl Anton Koch), um garotinho esperto demais e um tanto quanto independente.
Quando Nadja e Elias tentam correr para se esconder em um compartimento do avião, são flagrados por um dos criminosos e ela acaba levando vários tiros, que fazem com que todos acreditem que ela morreu, inclusive o filho. Se ela fosse uma mulher comum, provavelmente estaria no purgatório, à espera da decisão divina sobre seu destino final. Mas Nadja não é uma pessoa como todas as outras.
Por meio de alguns flashbacks, os espectadores começam a ter alguma noção do que acomete, realmente, Nadja, e do que houve com seu marido e pai de Elias, Nicolai (Lasse Myhr). Quando o menino ainda era apenas um bebê, o carro da família pifou em uma rodovia coberta de neve e o marido saiu para buscar ajuda. Sem retornar, Nadja pega o bebê e vai à procura do companheiro, mas acaba sendo vítima de um ataque vampiro, que a transforma em uma humana com habilidades demoníacas. Quando ela decide soltar suas garrinhas e os dentes afiados dentro do avião para se vingar dos criminosos, faz com que eles se arrependam de ter invadido o voo errado. O problema é que ela também desperta o pânico generalizado entre os demais passageiros.
Mas há algo de muito interessante nos flashbacks, que mostram Nadja aprendendo a controlar sua raiva e lidando com as fraquezas vampíricas para poder continuar cuidando do filho. Há uma mensagem sobre como precisamos controlar os demônios que vivem dentro de nós para que possamos ser pessoas melhores para o mundo e, especialmente, para quem amamos.
As características físicas de Nadja como vampira são inspiradas pelo icônico “Nosferatu”, de F.W. Murnau. Ela é careca, seus olhos se aproximam e se tornam mais claros, seus dedos e unhas ficam pontiagudos, o rosto mais volumoso nas maçãs e os dentes afiados, assim como o conde Graf Orlock. Provavelmente uma homenagem de um sucesso alemão do presente para uma obra-de-arte conterrânea do passado.
Falando em sucesso, a produção de terror é o título mais bem-sucedido da Netflix na Alemanha, tendo sido visto por mais de 50 milhões de pessoas apenas em suas quatro primeiras semanas de exibição. Um filme vibrante que vai te deixar com o coração acelerado do início ao fim, “Céu Vermelho-Sangue” é imperdível.
Filme: Céu Vermelho-Sangue
Direção: Peter Thorwarth
Ano: 2021
Gênero: Ação/Suspense/Drama
Nota: 7/10