Filme com Mel Gibson, na Netflix, traz 88 minutos de brutalidade que não te deixarão desviar o olhar Divulgação / SND Films

Filme com Mel Gibson, na Netflix, traz 88 minutos de brutalidade que não te deixarão desviar o olhar

Um filme de Jean-François Richet, “Herança de Sangue” tem Mel Gibson como protagonista, ator relegado a produções menores, depois de acusações de antissemitismo, homofobia e violência doméstica, alcoolismo e prisão. Ele, que já foi gigante no cinema e estrelou “Coração Valente”, ganhador do Oscar de melhor direção e melhor filme em 1996, agora encarna uma espécie de purgatórios dos papéis de menor dimensão. Mas é preciso admitir, o nome de Gibson ainda é tão forte, que sua carreira ainda segue, apesar das sérias denúncias contra ele. Nos últimos três anos, ele acumulou mais de uma dezena de papéis. Ainda é uma grande produtividade para um ator com uma reputação como a sua.

No exploitation “Herança de Sangue”, Gibson aparece em boa forma física e um baita ator como sempre, com sua performance dando musculatura tanto para o personagem quanto para a produção. Ele interpreta Link, um ex-presidiário que está em condicional e à procura de sua filha adolescente, Lydia (Erin Moriarty), que desapareceu há anos. Um dia, ela se vê rodeada de grandes problemas e precisa da ajuda do pai para se livrar deles. É quando ela decide ligar para ele, que corre ao seu resgate. Link é um homem durão e com contatos na cadeia, que irão ajudá-lo a entender a enrascada em que sua filha se meteu. Ela se envolveu com o sobrinho de um chefe da máfia mexicana, Jonah (Diego Luna), e após matá-lo, ela passa a ser perseguida por sicários. A onda de violência irá arrastar seu pai e os antigos conhecidos dele e amigos, como Kirby (William H. Macy), padrinho nos Alcoólatras Anônimos.

Mas Link, que passou tempo demais longe da filha, pretende não a deixar desaparecer novamente, nem mesmo morrer nas mãos dos traficantes. Ele está pronto para atravessar os Estados Unidos e defendê-la a todo custo. O problema é que eles devem escapar dos bandidos e da polícia, que também passa a procurá-los. Lydia é um imã de problemas, assim como seu pai. E o nome do filme remete sobre como a criminalidade passa de pai para filha. Mas é em sua tentativa de sobrevivência e redenção que eles se conectam fraternalmente e têm a chance de superar seus passados manchados.

É inegável que “Herança de Sangue” traz uma boa dose de entretenimento e diversão, enquanto nos relembra com nostalgia, e várias referências da carreira da Gibson, o quanto era bom vê-lo nas telas. Agora, já com o rosto marcado de rugas e os cabelos grisalhos, ele mostra que às vezes é preciso dissociar o pessoal do artístico. Gibson, apesar de seus erros como ser humano, é um gênio do cinema e nos faz sentir aquele gostinho de como filmes explosivos e que gostam de explorar bilheterias também podem ser interessantes e magnéticos.

Antes de ter Richet e Gibson como diretor e protagonista, o roteiro chegou a passar pelas mãos de Sylvester Stallone, que tinha intenções de dirigi-lo e estrelá-lo, mas acabou não se concretizando. O que é uma boa notícia, porque o papel parece feito para Gibson. Tanto por sua personalidade, que precisa ser melhorada como a de Link, quanto pela sua luta para se restabelecer no mundo e pagar suas penitências.


Filme: Herança de Sangue
Direção: Jean-François Richet
Ano: 2016
Gênero: Ação/Drama/Policial
Nota: 7/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.