Um feito de poucos diretores, “Um Lugar Silencioso 2” é uma sequência de filme de terror bem-sucedida entre o público e muitíssimo elogiada pela crítica. O gênero não costuma ter tão boa receptividade dos especialistas quanto tem do público, principalmente continuações, embora sempre existam exceções. Este é definitivamente uma. Dirigido e escrito por John Krasinski (“The Office”), que protagonizou o primeiro filme, neste, ele aparece por apenas alguns minutos de flashback.
Mas nem tudo foi flores para esta produção, que enfrentou, logo após a semana de lançamento, o fechamento dos cinemas devido à pandemia de coronavírus. “Um Lugar Silencioso 2” manteve o padrão de qualidade do primeiro filme e é considerado uma carta de amor aos filhos por Krasinski, que quando escreveu o primeiro, em parceria com Bryan Woods e Scott Beck, tinha acabado de ter seu segundo bebê com sua esposa e também estrela do filme, Emily Blunt.
À princípio, a ideia era criar um filme completamente de terror, mas o dedo de Krasinski na história o transformou em uma espécie de drama familiar, a luta dos pais em proteger seus filhos de um apocalipse alienígena. O primeiro longa-metragem foi gravado em apenas 36 dias e possuía somente 25 linhas de diálogos. Obviamente um filme tão silencioso quanto seu nome. Sem muitos efeitos sonoros de suspense, ele faz com que os próprios espectadores tenham medo de emitir qualquer ruído durante a sessão e atrair aquela espécie de Demogorgon cego.
Desta vez, com um orçamento três vezes mais rechonchudo que no primeiro filme, as gravações duraram 47 dias e com alguns diálogos a mais. Agora, sem Lee (Krasinski) e o pequeno Beau (Cade/Dean Woodward), que infelizmente morreram no primeiro longa, Evelyn (Blunt) e os filhos, Regan (Millicent Simmonds), Marcus (Noah Jupe) e o bebê, saem de sua fazenda para tentar encontrar outras pessoas com as quais possam se juntar para sobreviver. O mundo é um lugar mais vazio e, com certeza, mais hostil quase um ano e meio após os primeiros sinais da invasão alienígena. No caminho, eles cruzam com um antigo amigo de Lee, Emmett (Cillian Murphy), que perdeu toda sua família e está abrigado em um galpão industrial.
Quando Regan descobre um sinal emitido de uma ilha próxima, ela decide sair escondida para conseguir socorro. Então, Emmett decide alcança-la e protege-la. Enquanto eles vivem suas aventuras por territórios desconhecidos, Evelyn, Marcus e o bebê também sobrevivem às criaturas abomináveis no galpão. Ou seja, o grupo se divide e o final dá gancho para ainda mais história.
Quando os produtores procuraram Krasinski para escrever e dirigir a sequência, ele não tinha intenção de participar do novo projeto, mas acabou convencido e escreveu o roteiro sozinho em apenas três semanas e meia. A hesitação, tanto dele quanto de Blunt, residia no medo de não conseguir oferecer um produto com a mesma qualidade do primeiro. Passadas as inseguranças, na cabeça de Krasinski o projeto se tornou uma trilogia, com final anunciado para 2025. É possível que ele não dirija a terceira parte, que já tem o nome de Michael Sarnovski como opção.
Um filme que supera as expectativas e mostra que é possível fazer terror com substância, “Um Lugar Silencioso” reúne o útil ao agradável. Consegue alavancar os espectadores de suas cadeiras com cenas de tensão e adrenalina, mas também mostra como podemos nos tornar heróis ou vilões em situações de sobrevivência, como podemos usar nossas habilidades para proteger quem amamos e como a família é nosso vínculo mais poderoso contra um mundo desfavorável. Uma produção para entreter e apreciar, nenhum bom aficionado por cinema deveria deixar de ver este filme.
Filme: Um Lugar Silencioso 2
Direção: John Krasinski
Ano: 2020
Gênero: Terror/Drama
Nota: 9/10